quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Shamu-Úl

Shamu-Úl


Shamu-Úl 1

O nascimento de Shamu-Úl

1Houve um homem chamado Ulkana, da tribo de Efroím, que vivia em Ramataim de Zofim, nos montes de
Efroím. O nome de seu pai era Yeroão; o do seu avô Ulihu; do bisavô Toú; e do tetravô Zufe. 2Tinha duas
mulheres: Ana e Penina. Esta última tinha filhos, porém Ana não tinha nenhum. 3-5Cada ano Ulkana ia com
a sua família até ao tabernáculo em Sheló para adorar YÁOHU ULHÍM dos shua-ólmayao e sacrificar-lhe.
(Nesse tempo os intermediários em funções eram os dois filhos de Uli -Hofni e Pinkhós.) No dia em que
apresentava o seu sacrifício, Ulkana assinalava o facto, dando presentes a Penina e aos seus filhos; mas
ainda que amasse muito Ana, apenas lhe podia dar um só presente, porque YÁOHU ULHÍM lhe tinha
fechado a madre; por essa razão não recebia presentes que pudesse ela própria passar também aos seus
filhos. 6As coisas complicavam-se ainda mais porque Penina provocava Ana e a humilhava pelo facto de
ser estéril. 7Todos os anos era a mesma coisa - Penina troçando e rindo da outra, quando iam a Sheló. Ana
chorando muito e deixando de comer. 8"O que é que se passa, Ana?", exclamava Ulkana. "Porque é que
não comes? Porque é toda essa agitação por não teres filhos? Não sou eu para ti melhor do que dez
filhos?" 9-11Uma noite depois de jantar, quando foram a Sheló, Ana dirigiu-se ao tabernáculo. Uli, o
intermediário, encontrava-se sentado no lugar habitual, ao lado da entrada. Ana encontrava-se
profundamente angustiada e chorava amargamente enquanto orava a YÁOHU ULHÍM. Fez então este voto.
"Ó YÁOHU UL Tzavulyáo celestiais, se te debruçares sobre a minha tristeza e responderes à minha oração,
dando-me um filho, então eu to tornarei a dar; será teu por toda a sua vida e o cabelo nunca lhe será
cortado." 12-13Uli reparou que ela mexia os lábios mas sem se lhe ouvir a voz, visto que orava em silêncio;
pensou que estaria toldada pelo vinho e dirigiu-se-lhe: 14"Então tu vens para aqui embriagada? Vai curar a
tua bebedeira para outro sítio." 15-16"Oh, não, meu chefe!", replicou ela. "Eu não bebi! Encontro-me mas é
muito triste e estava a abrir o coração a YÁOHU ULHÍM. Peço-te que não penses de mim uma tal coisa, que
eu estivesse embriagada!" 17"Nesse caso, olha, anima-te! Que YÁOHU ULHÍM de Yaoshorúl responda à
tua oração, conforme o que lhe pediste!" 18"Fico-te muito grata." E regressou mais feliz, começando de
novo a alimentar-se normalmente. 19-20Toda a família se levantou cedo na manhã seguinte, e foi ao
tabernáculo adorar YÁOHU ULHÍM mais uma vez, regressando depois a Roéma. Ulkana e Ana foram
deitar-se e YÁOHU ULHÍM tomou em consideração o pedido dela. Ao cabo do tempo próprio nasceu-lhe um
menino, a quem chamou Shamu-Úl, "porque o pedi a YÁOHU ULHÍM", disse ela. 21-22No ano seguinte,
Ulkana, Penina e os filhos foram, como todos os anos, ao tabernáculo mas sem Ana; esta dissera ao
marido: "Prefiro esperar até que o menino seja desmamado; depois então levá-lo-ei ao tabernáculo, para o
deixar lá." 23"Está bem. Faz como melhor te parecer", concordou Ulkana. "Faça-se a vontade de YÁOHU
UL." Ela ficou pois em casa, até que o menino fosse desmamado. 24Então, ainda que muito pequenino,
levaram-no ao tabernáculo em Sheló. E tomaram consigo um touro de três anos, para o sacrifício, trinta e
cinco litros de farinha e algum vinho. 25Depois do sacrifício, entregaram a criança a Uli. 26-28" YÁOHU
ULHÍM", disse Ana, "eu sou aquela mulher que aqui esteve certa vez orando a YÁOHU ULHÍM. Pedi-lhe
que me desse um filho, e a minha petição foi ouvida. Venho agora oferecê-lo a YÁOHU ULHÍM por toda a
sua vida." Deixou-o pois desta forma no tabernáculo para o serviço de YÁOHU UL.

1 Shamu-Úl 2

A oração de Ana

1Ana fez a seguinte oração:
"Como me sinto feliz em YÁOHU ULHÍM! Como ele me abençoou! Agora já posso responder a quem me
quer mal,"porque YÁOHU ULHÍM deu solução ao meu problema. Como me sinto feliz!
2Ninguém é tão santo como YÁOHU ULHÍM. Não há outro YÁOHU ULHÍM,"nem há segurança alguma
semelhante à de YÁOHU ULHÍM.
3Deixem de ser tão orgulhosos e altivos! YÁOHU ULHÍM sabe tudo quanto vocês têm feito,"e julgará as
vossas ações.
4A força dos fortes foi quebrada. Os que fraquejam foram revestidos de força.
5Os que viviam na fartura agora dão tudo por uma côdea de pão;"e os que andavam a morrer de fome
agora são fartos. A que era estéril tem agora sete filhos;"e a que ia tendo sempre filhos agora deixou de os
ter.
6 YÁOHU ULHÍM é quem tira a vida, mas é também quem a dá.
7 YÁOHU ULHÍM tira riquezas, mas também sabe dá-las;"abaixa, mas também exalta.
8Tira o pobre do pó da terra -sim, da mais baixa miséria -e trata-os como príncipes, "fazendo-os
sentarem-se em lugares de honra. Toda a terra pertence a YÁOHU ULHÍM;"foi ele quem deu estruturas a
todo este mundo.
9Protegerá os seus santos;"mas o malvado será silenciado, lançado nas trevas. O ser humano não tem
capacidade de o enfrentar pela força.
10Os que contendem com YÁOHU ULHÍM serão aniquilados;"trovejará desde os shua-ólmayao sobre
eles. YÁOHU ULHÍM julga sobre a terra, duma extremidade à outra;"dará força ao seu rei, exaltará o poder
do seu ungido." 11Então regressaram todos a Roéma, mas sem Shamu-Úl; este menino tornou-se um
servidor de YÁOHU ULHÍM, ajudando o intermediário Uli.

A maldade dos filhos de Uli

12-15Acontecia no entanto que os filhos de Uli eram pessoas de muito má conduta, que não manifestavam
interesse de espécie nenhuma pelo YÁOHU ULHÍM. Tinham por hábito, sempre que alguém estava a
oferecer um sacrifício, e enquanto a carne do animal do sacrifício cozia, mandar um criado, com um grafo
de três dentes, e pô-lo dentro da caldeira, dizendo que fosse o que fosse que o garfo espetasse, seria
levado para os filhos de Uli. Faziam isso com todas as pessoas que iam a Sheló para adorar. Outras vezes
o criado vinha mesmo antes do rito de queima da gordura sobre o altar, e reclamava um determinado
pedaço da carne, antes que fosse cozida, para a assar depois. 16Se aquele que apresentava o sacrifício
dissesse: "Leva quanto quiseres, mas deixa primeiro que a gordura seja queimada", então o criado
respondia: "Não. Dá-megora, senão tiro-te à força." 17Assim, o pecado destes jovens era muito grande
aos olhos de YÁOHU UL, pois tratavam com desprezo as ofertas que o povo trazia perante YÁOHU ULHÍM.
18-21Shamu-Úl, apesar de uma criança, estava já ao serviço de YÁOHU UL, e trazia vestido um éfode de
linho, tal como o dos intermediários. A mãe, todos os anos, fazia-lhe uma túnica de linho, à sua medida, que
trazia quando vinha com o marido para o sacrifício anual. Antes de regressarem a casa, Uli abençoava
Ulkana e Ana, pedindo a YÁOHU ULHÍM que lhes desse outros filhos que substituíssem aquele que tinham
oferecido a YÁOHU ULHÍM. E YÁOHU ULHÍM respondeu dando a Ana três rapazes e duas meninas.
Entretanto Shamu-Úl continuava crescendo e permanecia ao serviço de YÁOHU UL. 22Uli era já muito
idoso, mas mantinha-se ao corrente de tudo o que se ia passando à sua volta. Sabia, por exemplo, que os
seus filhos seduziam mulheres que se juntavam em grupos à entrada do tabernáculo. 23-25"Tenho ouvido
coisas terríveis sobre o que vocês têm feito, e que o povo de YÁOHU UL me vem contando", dizia Uli aos
filhos. "É muito grave levar o povo de YÁOHU ULHÍM a pecar. O pecado tem sempre o seu castigo; e isso é
tanto mais verdade no vosso caso, que isso que fazem é pecar contra YÁOHU ULHÍM!" Mas eles não
ligavam ao que o pai lhes dizia; por isso YÁOHU ULHÍM tinha já decidido tirar-lhes a vida. 26O pequeno
Shamu-Úl ia crescendo em tamanho e também em simpatia perante toda a gente, além de que se tornava
objecto do favor de YÁOHU UL.

Profecia contra a casa de Uli

27-29Um dia veio ter com Uli um profeta que lhe comunicou a seguinte mensagem da parte de YÁOHU
ULHÍM: "Não revelei eu o meu poder quando o povo de Yaoshorúl era escravo no Egipto? Não escolhi eu o
teu antepassado Leví, de entre todos os seus irmãos, para ser meu intermediário e sacrificar junto do altar,
queimar incenso e trazer as vestimentas sacerdotais enquanto me servia? E não dei também as ofertas
apresentadas em sacrifício a vocês os intermediários? Então porque são tão vorazes em relação às outras
ofertas que me são trazidas? Porque tens tu respeitado mais a vontade dos teus filhos do que a minha?
Porque tanto tu como eles têm engordado com o melhor de todos os sacrifícios que me são oferecidos pelo
meu povo! 30-34Por isso, eu, YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl, declaro que apesar de ter
prometido que os descendentes da tribo de Leví poderiam ser sempre meus intermediários, seria insensato
pensar que os vossos atos poderiam continuar. Eu darei honra apenas a quem me honra, e afastarei
aqueles que me desprezam. Porei um fim à tua família, para que não mais sirvam como intermediários.
Cada um dos seus membros morrerá antes do tempo normal. Nenhum chegará a velho. Terás ocasião de
constatar a prosperidade que darei ao meu povo, mas tu e a tua família achar-se-ão na necessidade e na
angústia. Ninguém entre vocês alcançará a idade avançada. Os que prolongarem o seu tempo de vida será
para viverem na amargura e no desgosto; os seus filhos morrerão na guerra. E para te provar que é verdade
aquilo que te foi dito, e que há-de acontecer, farei com que os teus dois filhos, Hofni e Pinkhós, morram no
mesmo dia! 35-36Depois suscitarei um intermediário fiel para me servir e fazer tudo quanto eu disser.
Abençoarei os seus descendentes; e todos os da sua linhagem serão intermediários diante do meu ungido
para sempre. Então os da tua família se inclinarão perante ele, para pedir dinheiro e comida: 'Rogamos-te',
dirão eles, 'que nos deixes ter alguma função entre os intermediários, para que tenhamos alguma coisa para
comer."

1 Shamu-Úl 3

Shamu-Úl chamado pelo YÁOHU ULHÍM

1Entretanto, o menino Shamu-Úl continuava a servir YÁOHU ULHÍM, como assistente de Uli. As
mensagens directas, da parte de YÁOHU UL, eram muito raras naqueles tempos, 2-3mas uma certa noite
aconteceu o seguinte:Uli, que tinha já quase perdido a vista devido à sua muita idade, foi deitar-se; Shamu-
Úl dormia também no Tabernáculo, perto da arca. 4 E YÁOHU ULHÍM chamou por ele: "Shamu-Úl! ShamuÚl!""
Sim! Que é?", respondeu Shamu-Úl. 5 Levantou-se e correu ter com Uli: "Aqui estou. Que
desejas?""Mas eu não te chamei", disse-lhe Uli. "Vai já deitar-te." Shamu-Úl retirou-se e foi outra vez deitar-se. 6Então YÁOHU ULHÍM chamou-o novamente; Shamu-Úl tornou a saltar da cama e a ir ter com Uli: "Que é? Necessitas de alguma coisa?""Mas eu não te chamei, meu filho", respondeu-lhe Uli. "Vai outra vez para a cama." 7(Shamu-Úl nunca tinha recebido mensagem alguma da parte de YÁOHU ULHÍM, anteriormente.) 8Então YÁOHU ULHÍM chamou por ele terceira vez, e tal como antes, Shamu-Úl ergueu-se da cama e apresentou-se junto de Uli: "De que é que precisas?"Mas desta vez Uli deu-se conta de que era YÁOHU  ULHÍM falando com a criança. 9 Por isso disse a Shamu-Úl: "Olha, vai deitar-te de novo e se ouvires
chamar-te mais uma vez, diz assim, 'Fala, YÁOHU ULHÍM, porque o teu servo está a ouvir'." Então Shamu-
Úl voltou para a cama. 10 E YÁOHU ULHÍM chamou-o como das outras vezes: "Shamu-Úl! Shamu-Úl!"E
Shamu-Úl respondeu: "Fala, YÁOHU ULHÍM, porque o teu servo está a ouvir." 11-14E YÁOHU ULHÍM disse
a Shamu-Úl: "Vou fazer algo de espantoso em Yaoshorúl. Vou dar cumprimento a todas as tremendas
coisas de que avisei Uli. Avisei-o continuamente, a ele e à sua família, de que os castigaria por causa dos
filhos andarem a blasfemar de YÁOHU ULHÍM, sem que ele tivesse feito nada para os impedir. Agora pois,
jurei que os pecados de Uli e dos seus filhos não serão mais perdoados com sacrifícios ou ofertas."
15Shamu-Úl ficou na cama até amanhecer; depois abriu as portas do Tabernáculo como habitualmente, mas estava com receio de dizer a Uli o que YÁOHU ULHÍM lhe mandara. 16-17 No entanto Uli chamou-o: "Meu filho, o que é que YÁOHU ULHÍM te disse? Conta-me tudo. E que YÁOHU ULHÍM te castigue a ti se me esconderes alguma coisa!" 18 Então Shamu-Úl comunicou-lhe tudo o que YÁOHU ULHÍM lhe dissera. "É a vontade de YÁOHU UL", replicou; "que ele faça o que melhor lhe parecer." 19-21 Enquanto Shamu-Úl
crescia, YÁOHU ULHÍM estava com ele; e cumpriu com tudo quanto tinha prometido. Todo Yaoshorúl, de
Dayán até Beer-Shéva, ficou sabendo que Shamu-Úl tinha sido confirmado como profeta de YÁOHU UL.
YÁOHU ULHÍM continuou a transmitir mensagens, em Sheló no tabernáculo, e ele comunicava-as ao povo
de Yaoshorúl.

1 Shamu-Úl 4

A arca é capturada pelos Palestinos

1-2Nesse tempo Yaoshorúl estava em guerra contra os Palestinos. O exército Yaoshorulíta estava
acampado perto de Éban-Ozór, e os Palestinos junto de Afeque. Estes derrotaram Yaoshorúl, matando
quatro milhares dos seus soldados. 3Depois do combate, o exército de Yaoshorúl regressou ao acampamento e os seus líderes interrogavam-se por que razão YÁOHU ULHÍM os tinha conduzido àquela derrota: "Vamos trazer para aqui a arca, desde Sheló. Se a trouxermos conosco, YÁOHU ULHÍM estará no nosso meio e nos salvará seguramente dos nossos inimigos." 4-5Então mandaram vir a arca da aliança de YÁOHU UL Tzavulyáo celestiais, que habita entronizado acima dos querubins. Hofni e Pinkhós, os filhos de Uli, vieram com ela até ao campo da batalha. Quando os Yaoshorulítas viram chegar a arca, deram um brado de alegria tão forte que até a terra tremeu! 6-9"O que é que se passa?", perguntaram-se os Palestinos. "Para que foi aquele grito no campo dos Hebreus?" Quando souberam que era a arca de YÁOHU UL que tinha chegado ali, entraram em pânico. " YÁOHU ULHÍM veio para o campo deles!", gritavam. "Oy de nós, que nunca enfrentámos uma situação destas antes! Quem é que nos vai salvar destes poderoso Ulhim  de Yaoshorúl? É que são os mesmos que destruíram o Egito com pragas, quando Yaoshorúl lá morava. Então, lutem agora, ó Palestinos, como nunca o fizeram antes, pois doutra forma tornar-se-ão seus escravos, tal como eles já foram nossos escravos." 10Dessa forma os Palestinos lutaram desesperadamente, e Yaoshorúl foi novamente derrotado. Trinta mil homens de Yaoshorúl morreram nesse dia, e o restante fugiu para as tendas. 11A arca de YÁOHU ULHÍM foi capturada e Hofni mais Pinkhós foram mortos.

A morte de Uli

12-13Um homem da tribo de Benyamín veio a correr da batalha e chegou no mesmo dia a Sheló, com a
roupa rasgada e a cabeça coberta de terra. Uli estava sentado à beira do caminho à espera de notícias da
batalha, porque o seu coração tremia de cuidados pela segurança da arca de YÁOHU ULHÍM. Quando o
mensageiro chegou da frente de combate e relatou o que acontecera, levantou-se um grande clamor em
toda a cidade. 14-15"O que é este barulho todo?", perguntou Uli mensageiro apressou-se a vir ter com Uli,
dando-lhe a conhecer o que sucedera. (Uli era um ancião já de noventa e oito anos, e perdera totalmente a
vista.) 16-17"Acabei agora de chegar da batalha; hoje ainda eu lá estava", disse a Uli. "Yaoshorúl foi
derrotado e milhares dos das tropas Yaoshorulítas morreram no campo de batalha. Hofni e Pinkhós também
foram mortos, e a arca capturada." 18Quando o mensageiro mencionou o que acontecera à arca, Uli caiu
para trás no seu assento ao lado do portão de entrada, partiu o pescoço e faleceu (porque era já muito
velho e pesado). Uli julgou Yaoshorúl durante quarenta anos. 19-22Quando a nora de Uli, a mulher de
Pinkhós, que estava grávida, ouviu dizer que a arca fora tomada, que o marido tinha sido morto e o sogro
falecera, o processo de gravidez precipitou-se e começou a sentir as dores de parto, ao mesmo tempo que
se lhe ia apagando a vida. Antes de morrer, as mulheres que a assistiam disseram-lhe que tudo estava a
correr bem e que tinha tido um rapaz. Mas ela nada respondeu nem vibrou com a notícia. Apenas
murmurou: "Chamem ao menino Icabode, porque foi-se a glória de Yaoshorúl". Ela deu esse nome ao bebé
porque a arca de YÁOHU ULHÍM tinha sido capturada e porque o marido e o sogro tinham morrido.

1 Shamu-Úl 5

A arca em Ashdod e em Ekron

1-2Os Palestinos levaram pois a arca de YÁOHU ULHÍM do campo de batalha em Éban-Ozór para o
Templo do seu ídolo Dagom, na cidade de Ashdod. 3-5Mas no dia seguinte, quando os cidadãos daquela
localidade vieram vê-la logo pela manhã, verificaram que Dagom tinha caído com o rosto para o chão
perante a arca de YÁOHU ULHÍM! Levantaram-no, mas na manhã seguinte aconteceu a mesma coisa -o
ídolo tinha caído sobre o seu rosto perante a arca de YÁOHU UL novamente. Só que desta vez tinha a
cabeça e as mãos separadas do resto do corpo, caídas sobre o limiar da porta da entrada; unicamente o
tronco tinha ficado intacto. (É por isso que até ao dia de hoje nem os intermediários nem os adoradores de
Dagom quando entram no seu Templo pisam o limiar da entrada.) 6-7Então YÁOHU ULHÍM começou a
destruir o povo de Ashdod e das localidades circunvizinhas, por meio de uma praga de tumores. Quando o
povo se deu conta do que estava a acontecer exclamaram todos: "Não podemos conservar aqui mais tempo
a arca de YÁOHU ULHÍM de Yaoshorúl, porque a mão de YÁOHU ULHÍM está a pesar duramente sobre
todos nós assim como sobre o nosso idolo Dagom." 8-10E foram convocados os governadores das cinco
cidades dos Palestinos para uma conferência em que decidissem o que fazer da arca. Resolveram então
levá-la para Gate. Mas quando a arca lá chegou, YÁOHU ULHÍM começou a destruir a gente dali, tanto
novos como velhos, com a mesma praga, gerando-se um pânico colectivo enorme. Enviaram pois a arca a
Ekron. Mas também a gente dali quando a viu chegar clamou: "Estão a trazer a arca de YÁOHU ULHÍM de
Yaoshorúl para aqui para nos matarem também!" 11-12Por isso convocaram novamente os governadores e
foi-lhes pedido que mandassem a arca de volta para o seu país, se não toda a povoação acabava por
morrer. Porque já a praga tinha começado e se espalhava um grande terror por toda a cidade. Os que não
tinham morrido estavam às portas da morte, gravemente doentes; havia choro por toda a parte.

1 Shamu-Úl 6


A arca é devolvida a Yaoshorúl

1-2A arca ainda ficou na Filisteia uns sete meses ao todo. Os Palestinos por fim chamaram os seus
intermediários e adivinhos, perguntando-lhes: "Que vamos nós fazer com a arca de YÁOHU ULHÍM? Que
espécie de ofertas havemos de mandar a acompanhá-la, quando a enviarmos de volta para a sua terra?"
3"Sim, em todo o caso devem devolvê-la com uma oferta a acompanhar", disseram. "Enviem uma oferta de
culpa, para que a praga seja suspensa. Se isto não acontecer, saberão que afinal não foi YÁOHU ULHÍM
quem mandou a praga." 4-5"Mas que oferta de culpa vamos nós mandar?""Mandem cinco modelos, em
ouro, do tumor causado pela praga e cinco outros modelos, em ouro, dos ratos que devastaram a terra toda
-as cidades principais e as outras povoações. Se assim fizerem e depois derem haolúlim (louvores) a
YÁOHU ULHÍM de Yaoshorúl, é possível que ele faça parar de vos perseguir, a vocês e aos vossos falsos
criadores o estatuas. 6Mas não sejam teimosos e rebeldes, como o foram o Faraóh e os egípcios, que não
deixaram partir Yaoshorúl sem que YÁOHU ULHÍM os tivesse destruído com pragas tremendas. 7-9Façam
então um carro novo, atrelem-lhe duas vacas que tenham tido crias há pouco tempo e que nunca tenham
levado um jugo; separem as crias delas, mantendo-as no estábulo. Ponham a arca de YÁOHU ULHÍM no
carro, e ao lado um cofre com os modelos, em ouro, dos ratos e dos tumores, e deixem as vacas partir na
direcção que quiserem. Se atravessarem o limite da nossa terra em Beth-Shemesh, então ficarão a saber
que foi YÁOHU ULHÍM quem trouxe este grande mal sobre nós; se não, é porque se tratou simplesmente
de um acaso, não foi nada enviado por YÁOHU ULHÍM." 10-13Deram pois execução a estas indicações.
Duas vacas, que ainda amamentavam as crias, foram atreladas a um carro e os bezerros encerrados no
estábulo. Puseram depois a arca, mais o cofre contendo os ratos e os tumores de ouro, em cima do carro. E
logo as vacas se encaminharam directamente em direcção a Beth-Shemesh, berrando à medida que iam
andando; os governadores Palestinos seguiram o carro até lá, até à fronteira. O povo daquela localidade
Yaoshorulíta estava a ceifar o trigo no vale; e ao verem chegar a arca exultaram de alegria! 14-15O carro
veio até ao campo de um homem chamado Yaohúshua e parou ao pé duma grande rocha. A gente dali fez
uma grande fogueira com a própria madeira do carro, matou as vacas e ofereceram-nas em sacrifício a
YÁOHU ULHÍM, como holocausto. Vários homens da tribo de Leví desceram previamente do carro a arca
mais o cofre com os ratos e os tumores de ouro, e colocaram-nos sobre aquela grande pedra. Muitos outros
holocaustos e sacrifícios foram oferecidos a YÁOHU ULHÍM naquele dia pela povoação de Beth-Shemesh.
16Os cinco governadores Palestinos, depois de terem ficado a ver aquilo durante um certo tempo, retiraram-
se, regressando a Ekron no mesmo dia. 17Os cinco modelos de tumores que tinham sido enviados pelos
Palestinos como oferta de expiação de culpa a YÁOHU ULHÍM representavam ofertas por cada uma das
cinco cidades dos Palestinos: Ashdod, Gaza, Aquelom, Gate e Ekron. 18Os ratos de ouro eram para aplacar
a ira de YÁOHU ULHÍM, em representação das outras cidades Palestinas, tanto as que tinham muralhas
como as povoações do campo, e que eram controladas pelos cinco governadores principais. (Note-se até
que aquela grande rocha em Beth-Shemesh, que foi testemunha destes acontecimentos, pode ainda ser
vista hoje, no campo de Yaohúshua.) 19Aconteceu no entanto que YÁOHU ULHÍM teve de matar setenta
homens de Beth-Shemesh, porque se atreveram a olhar, por curiosidade, para dentro da arca. O povo
entristeceu-se por causa daquele grande destroço feito entre a população. 20"Mas quem é que pode
manter-se perante YÁOHU ULHÍM, este YÁOHU ULHÍM santo?", gritavam. "Para onde havemos nós de
mandar daqui a arca?" 21E resolveram enviar mensageiros a Kiryat-Yearim dizendo-lhes que os Palestinos
tinham enviado a arca de YÁOHU UL. "Venham buscá-la", pediram-lhes.

1 Shamu-Úl 7

1Então o povo de Kiryat-Yearim veio buscar a arca; e levaram-na para o outeiro onde estava a casa de
Abinaodáb. Depois consagraram Úlozor, o filho dele, como guarda responsável pela arca. 2Esta ficou ali
durante vinte anos, e todo esse tempo Yaoshorúl se lamentava porque YÁOHU ULHÍM parecia que os tinha
abandonado. 3Por fim Shamu-Úl dirigiu-se a eles todos dizendo: "Se realmente estão desejosos de se
voltarem e converterem a YÁOHU ULHÍM, então abandonem os vossos falsos criadores o estatuas
estranhos e os ídolos astarotes. Decidam-se a obedecer unicamente a YÁOHU ULHÍM e ele vos livrará dos
Palestinos." 4Foi o que fizeram: destruíram enfim os ídolos de Baal e Astarote e adoraram apenas YÁOHU
ULHÍM. 5Depois, Shamu-Úl disse-lhes: "Venham todos até Mizpá e eu orarei a YÁOHU ULHÍM por vocês."
6Juntaram-se em Mizpá e numa grande cerimónia solene tiraram água do poço e derramaram-na perante
YÁOHU ULHÍM. Yejuaram também todo aquele dia em sinal de tristeza pelos seus pecados. Foi assim em
Mizpá que Shamu-Úl se tornou juiz de Yaoshorúl.

A derrota dos Palestinos em Mizpá


7Quando os líderes dos Palestinos ouviram acerca da grande multidão que se concentrava em Mizpá,
mobilizaram o seu exército e avançaram sobre Yaoshorúl. Os Yaoshorulítas ficaram aterrorizados ao
saberem do avanço do inimigo. 8"Não cesses de clamar a YÁOHU ULHÍM por nós para que nos salve e nos
livre deles!", imploraram a Shamu-Úl. 9-11Shamu-Úl pegou num cordeirinho de mama e sacrificou-o inteiro
em holocausto a YÁOHU ULHÍM, a favor de Yaoshorúl. YÁOHU ULHÍM pois respondeu. Na própria altura
em que Shamu-Úl estava a sacrificar o holocausto, chegaram os Palestinos para a batalha; e aconteceu que
YÁOHU ULHÍM fez trovejar com grande violência sobre os Palestinos; estes ficaram de tal modo aterrados
que os Yaoshorulítas puderam derrotá-los, perseguindo-os de Mizpá até Beth-Car, ferindo-os por todo
aquele caminho. 12Shamu-Úl pegou então numa pedra e colocou-a entre Mizpá e Sem, dando-lhe o nome
de Éban-Ozór, explicando que: "Até aqui nos ajudou YÁOHU ULHÍM!" 13-14Os Palestinos foram enfim
subjugados e nunca mais invadiram Yaoshorúl durante todo o resto da vida de Shamu-Úl porque YÁOHU
ULHÍM foi contra eles. As cidades Yaoshorulítas entre Ekron e Gate, que tinham sido conquistadas pelos
Palestinos, tornaram à posse de Yaoshorúl, porque o exército Yaoshorulíta pôde resgatá-las das mãos dos
seus conquistadores Palestinos. Houve enfim paz entre Yaoshorúl e os amorreus naqueles dias. 1517Shamu-
Úl continuou como juiz de Yaoshorúl durante todo o resto da sua vida. Visitava as diferentes
regiões do território anualmente, estabelecendo a base do seu tribunal primeiro em Bohay-Úl, depois em
Gilgal, e enfim em Mizpá; todos os casos de litígio eram-lhe trazidos, vindos de todo o território, a cada uma
das três cidades indicadas. Depois regressava a Roéma, porque era ali que morava e ali também
continuava a julgar os conflitos. Também construiu um altar a YÁOHU ULHÍM em Roéma.

1 Shamu-Úl 8

Os Yaoshorulítas querem um rei

1Sendo já muito idoso, Shamu-Úl retirou-se e constituiu os seus filhos como juízes em seu lugar. 2-3Yao-Úl,
seu filho mais velho, e Abi-YÁOHU estabeleceram os seus postos de juízo em Beer-Shéva; porém estes
não andavam nos mesmos caminhos do seu pai, antes se deixaram levar pela cobiça, vendiam-se a troco
de presentes, pervertendo a administração da justiça. 4-5Finalmente os chefes de Yaoshorúl reuniram-se
em Roéma para debater o assunto com Shamu-Úl. Disseram-lhe então que depois de ele se ter retirado, as
coisas já não corriam da mesma maneira, pois que os seus filhos não se conduziam rectamente. "É melhor
que nos dês um rei, como acontece com todas as outras nações que também têm um", pediram. 6Este
pedido, contudo, pareceu muito mal a Shamu-Úl, e foi aconselhar-se com YÁOHU ULHÍM, em oração. 79"
Faz como eles dizem", respondeu-lhe YÁOHU ULHÍM, "porque é a mim que eles estão a rejeitar, não a ti.
O que não querem é que seja mais eu a reinar sobre eles. Já desde o tempo em que os tirei do Egipto que
me têm constantemente esquecido e seguido outros falsos criadores o estatuas. E agora fazem contigo o
mesmo. Faz pois como eles dizem, mas avisa-os de como se passarão as coisas quando tiverem um rei!"
10Então Shamu-Úl comunicou ao povo o que YÁOHU ULHÍM lhe dissera: 11-18"Se insistem em ter um rei,
saibam que este recrutará os vossos filhos e os porá a correr diante dos seus carros; outros serão tomados
para fazerem as guerras, como soldados e oficiais; enquanto outros ainda irão, em serviço obrigatório,
trabalhar para os campos; forçá-los-ão a lavrar as terras da coroa e a ir para as ceifas, sem renumeração;
terão também de fazer as armas de guerra e os apetrechos dos carros de combate. Levará as vossas filhas,
obrigando-as a trabalhar como cozinheiras, pasteleiras e perfumistas na sua corte. Tomará para si as
vossas melhores terras, vinhas e olivais, dando-as aos seus amigos. Levará igualmente o dízimo das
vossas colheitas e distribuí-las-á aos seus favoritos. Tirar-vos-á também os vossos criados e o melhor da
vossa juventude; usará dos vossos animais para seu proveito pessoal. Pedir-vos-á a décima parte dos
vossos rebanhos e vocês mesmo deverão ser seus escravos. Haverão de derramar lágrimas amargas por
causa desse rei que agora estão a pedir, mas nessa altura YÁOHU ULHÍM não vos há-de ajudar." 1920Mas o povo recusou dar seguimento aos avisos de Shamu-Úl. "Mesmo assim, sempre queremos um rei", responderam; "queremos ser iguais às outras nações, à nossa volta. Será ele quem nos há-de governar e conduzir nas batalhas." 21-22Então Shamu-Úl expôs a YÁOHU ULHÍM aquilo que o povo respondera; e YÁOHU ULHÍM voltou a replicar: "Faz então como eles pretendem; dá-lhes um rei." Shamu-Úl acabou enfim por ceder àquela proposta e mandou-os regressar aos seus lares.

1 Shamu-Úl 9

Shaúl procura Shamu-Úl

1-2Cis era um homem rico e influente da tribo de Benyamín. Era filho de Abiul, neto de Zeror e bisneto de
Becorate e ainda trineto de Afias. Tinha um filho, Shaúl, que era o moço mais bem parecido que havia em
Yaoshorúl. Em altura, ultrapassava acima dos ombros fosse quem fosse de entre os seus concidadãos. 35Um dia aconteceu que os jumentos de Cis se extraviaram; então mandou Shaúl com um criado à procura deles. Percorreram toda a zona das colinas de Efroím, mais a terra de Salisa, e ainda a área de Saalim, assim como todo o território de Benyamín, mas não os encontraram. Finalmente, depois de os terem procurado na terra de Zufe, Shaúl disse para o criado: "Vamos embora; a esta hora meu pai deve estar mais preocupado connosco do que com os jumentos!" 6Mas o moço respondeu-lhe: "Eu pensei numa coisa! Há um profeta que vive aqui nesta terra; é tido em grande consideração por todo o povo, porque tudo quanto diz é verdade; vamos ter com ele, talvez possa indicar-nos alguma pista para encontrarmos os animais." 7"Mas é que não temos aqui nada com que lhe pagar", replicou Shaúl. "Até a comida que trazíamos se acabou já; não temos mais nada." 8"Bom, eu tenho aqui uma moeda de prata; podemos ao menos oferecer- lhe isto, e logo se vê o que acontece." 9-11"Está bem", concordou Shaúl, "vamos tentar." E dirigiram-se para a povoação onde vivia o profeta. Enquanto subiam a encosta em direcção à localidade, viram umas raparigas que saíam da povoação à procura de água, e perguntaram-lhe se o vidente estava na cidade. (Naqueles dias os profetas eram chamados videntes. As pessoas diziam que iam consultar o vidente, e não consultar o profeta, como dizemos hoje.) 12-13"Sim", responderam elas, "vão sempre por esse caminho, porque vai direito à casa dele. Ele mora mesmo da parte de dentro da entrada da povoação. Acabou agora mesmo de chegar de fora e tem de estar presente num sacrifício público, no alto da colina. Por isso despachem-se porque deve estar mesmo a sair de casa; os convidados habitualmente não começam a comer sem que ele chegue e abençoe os alimentos." 14Entraram na cidade e, ao passarem a entrada, viram precisamente Shamu-Úl que saía para ir ao alto da colina. 15Shamu-Úl aliás estava prevenido. YÁOHU ULHÍM tinha dito no dia anterior: 16"Amanhã, por esta altura, vou-te mandar um homem da terra de Benyamín. Deverás ungi-lo como chefe do meu povo. Ele livrá-lo-á dos Palestinos. Olhei para o meu povo
com misericórdia, e ouvi o seu choro." 17Quando Shamu-Úl viu Shaúl, YÁOHU ULHÍM disse-lhe: "É este o
homem de quem te falei! Ele regerá o meu povo." 18Nesse preciso momento Shaúl aproximou-se de
Shamu-Úl e perguntou-lhe: "Diz-me por favor onde é a casa do vidente." 19-20"Sou eu o vidente", replicou
Shamu-Úl. "Sobe a colina à minha frente e comeremos juntos; amanhã dir-te-ei o que pretendes saber e
poderás ir-te embora. Entretanto não te preocupes mais com os jumentos que se perderam há já três dias,
porque já foram achados. De qualquer maneira, és tu que tens na mão os destinos de Yaoshorúl, a partir de agora!" 21"Perdão, chefe", replicou Shaúl. "Eu sou da tribo de Benyamín, a mais pequena de Yaoshorúl, e aminha família é a menos importante de todas as tribos. Deves ter-te enganado!" 22Contudo Shamu-Úl levou Shaúl e o moço para a sala do banquete e fê-los sentarem-se à cabeceira da mesa, dando-lhe um lugar de honra acima dos outros trinta convidados especiais. 23Shamu-Úl entretanto tinha já dado ordens ao cozinheiro para reservar o melhor pedaço da carne, destinada ao convidado de honra. 24 O cozinheiro trouxe-a então e pô-la diante de Shaúl. "Vá, come", disse-lhe Shamu-Úl, "foi para ti que a mandei reservar, mesmo antes de ter convidado estes outros." Shaúl comeu na companhia de Shamu-Úl. 25 Depois daquela celebração, quando regressavam à cidade, Shamu-Úl trouxe Shaúl para o terraço sobre a casa e esteve ali  a conversar com ele. 26Ao romper do dia seguinte, chamou-o: "Levanta-te; tens de te pôr já a caminho." Shaúl levantou-se e preparou-se, e Shamu-Úl acompanhou-o até à saída da cidade. 27 Quando chegaram às muralhas disse a Shaúl que mandasse o criado à frente, e dirigiu-se-lhe nestes termos: "Recebi da parte de YÁOHU UL uma mensagem especial para ti."

1 Shamu-Úl 10

Shaúl ungido por Shamu-Úl

1Pegou então num recipiente contendo azeite e derramou-lho sobre a cabeça; beijou-o no rosto e disse-lhe: "Estou a fazer isto porque YÁOHU ULHÍM te designou para seres o rei do seu povo Yaoshorúl. 2 Depois de me deixares, verás dois indivíduos junto ao túmulo de Roqaúl, em Zelza, na terra de Benyamín; dir-te-ão que os jumentos já foram encontrados, e que o teu pai está preocupado contigo e a perguntar-se: 'Mas onde estará o meu filho?' 3 Quando chegares ao carvalho de Tabor verás três homens vindo na tua direcção, os quais vão adorar YÁOHU ULHÍM em Bohay-Úl; um deles trás consigo três cabritinhos, outro, três pães e o terceiro tem um garrafão com vinho. 4Eles hão-de cumprimentar-te e oferecer-te-ão dois dos pães, que deverás aceitar. 5 Após isso virás até Gibeate-ULHÍM, conhecido por o outeiro de YÁOHU ULHÍM, onde está a guarnição dos Palestinos. Quando lá chegares encontrarás um grupo de profetas descendo o outeiro e tocando vários instrumentos, um saltério, um tamborim, uma flauta e uma harpa e profetizando ao mesmo tempo. 6-8Nessa altura o RÚKHA de YÁOHU UL virá sobre ti com poder, e profetizarás no meio deles; sentir-te-ás e actuarás como uma pessoa diferente. A partir daquela altura, as tuas decisões basear-se-ão no que melhor te parecer, de acordo com as circunstâncias, porque YÁOHU ULHÍM te guiará. Vai então para Gilgal e espera sete dias por mim, porque hei-de lá ir para sacrificar holocaustos e sacrifícios de paz. Dar-te-ei mais instruções quando lá chegar."

Shaúl feito rei


9-10Depois de se despedir, ao encetar o caminho de regresso, YÁOHU ULHÍM deu a Shaúl uma nova
atitude, e todas as profecias de Shamu-Úl se realizaram. Quando ele e o criado chegaram ao outeiro de
YÁOHU ULHÍM, depararam com os tais profetas que vinham na direcção deles, e o RÚKHA de YÁOHU UL
desceu sobre ele, começando também a profetizar. 11-12Quando as pessoas que o conheciam ouviram
aquilo exclamaram: "O quê? Shaúl um profeta?" E um dos seus vizinhos acrescentou: "E com um pai como
o dele?" É esta a origem do provérbio que diz: "Está Shaúl também entre os profetas?" 13-14Quando Shaúl acabou de profetizar, subiu o resto do outeiro até ao altar. Um tio dele perguntou-lhe nessa altura: "Mas então por onde é que tu andaste?""Fomos à procura dos jumentos, e não pudemos encontrá-los; depois resolvemos ir ao profeta Shamu-Úl para lhe perguntar onde poderiam estar os animais." 15"Ah sim? E que foi que ele disse?", perguntou-lhe o tio. 16"Que os jumentos já tinham sido encontrados!" Mas Shaúl não quis contar o resto, que tinha sido ungido como rei. 17-19Shamu-Úl convocou todo o povo para uma
assembleia em Mizpá, e deu-lhe esta mensagem de YÁOHU ULHÍM Criador Eterno: "Trouxe-te do Egipto e resgatei-te de todas as nações que te torturavam. Mas ainda que tenha feito tantas coisas a teu favor,
rejeitas-te-me e disseste: 'Queremos antes ter um rei!'. Pois bem, apresentem-se todos perante YÁOHU
ULHÍM, tribo a tribo, família a família." 20-21Shamu-Úl chamou portanto os chefes de tribo, todos
juntamente, perante YÁOHU ULHÍM, e a tribo de Benyamín foi escolhida por sorteio sagrado. Depois trouxe cada família de Benyamín perante YÁOHU ULHÍM, e foi escolhida a família de Matri. Até que finalmente, sempre por sorteio sagrado, foi seleccionado Shaúl, filho de Cis. Mas quando foram à sua procura, tinha desaparecido! 22E perguntaram a YÁOHU ULHÍM: "Onde é que ele estará? Estará aqui entre nós?" YÁOHU ULHÍM respondeu: "Está escondido entre a bagagem." 23Foram então lá buscá-lo, trouxeram-no e puseram-no no meio de toda a gente -ele sobressaía em altura, acima dos ombros, em relação a fosse quem fosse! 24Shamu-Úl disse a todos: "É este o homem que YÁOHU ULHÍM escolheu para vosso rei. Não há outro igual em todo Yaoshorúl!"E o povo inteiro gritou: "Viva o rei!" 25Shamu-Úl expôs-lhes novamente os direitos e deveres de um rei; escreveu-os num livro e guardou-o perante YÁOHU ULHÍM. Depois
despediu o povo. 26-27Quando Shaúl foi para casa, em Gibeá, formou-se um grupo de homens, cujo
coração foi tocado pelo YÁOHU ULHÍM, que se tornaram seus companheiros constantes. Houve no entanto
alguns marginais que exclamavam: "Mas como é que esse indivíduo nos pode livrar?" E desprezaram-no,
recusando trazer-lhe presentes. Porém Shaúl não ligou a isso.
1 Shamu-Úl 11

Shaúl salva a cidade de Yabesh

1Por essa altura, Naás, à frente do exército dos amonitas, atacou a cidade Yaoshorulíta de Yabesh-Gaúliod.
Os cidadãos de Yabesh no entanto pediram-lhe tréguas: "Faz connosco uma aliança de paz e te
serviremos." 2"Está bem", disse Naás, "mas só numa condição: esvaziar-vos, a cada um de vocês, o olho
direito, para vergonha de toda a nação!" 3"Então dá-nos ao menos sete dias, para vermos se conseguimos
obter auxílio de alguém em Yaoshorúl", responderam os anciãos de Yabesh. "Se nenhum dos nossos
irmãos vier socorrer-nos, aceitamos a tua proposta." 4Quando um mensageiro da povoação chegou a Gibeá
onde Shaúl vivia, e expôs às pessoas o apuro em que se encontravam, toda a gente desatou a chorar e a
lamentar-se em voz alta. 5Shaúl tinha estado a lavrar no campo e regressava com os bois: "O que é que se
passa? Para que é este choro todo?" Contaram-lhe então o que aconteceu com a gente em Yabesh. 6-8O
RÚKHA de YÁOHU UL desceu poderosamente sobre Shaúl, que ficou extremamente irado. Pegou assim
em dois bois, cortou-os em pedaços e enviou-os por todo o Yaoshorúl. "Isto é o que vai acontecer aos bois
de todo aquele que recusar seguir Shaúl e Shamu-Úl à batalha!", anunciou. YÁOHU ULHÍM fez com que o
povo tomasse em consideração, com todo o temor, a cólera de Shaúl, e assim juntaram-se todos a ele,
como um só homem. Contou-os depois em Bezeque, e eram trezentos mil, além dos de YAOHÚ-dah que
eram, só eles, trinta mil. 9-10Mandou pois mensageiros a Yabesh-Gaúliod, que lhes dissessem: "Salvarvos-
emos amanhã antes do meio-dia."Que alegria não foi na cidade quando esta mensagem chegou! Os
homens de Yabesh disseram então astutamente aos seus inimigos: "Rendemo-nos. Amanhã vamos ter
convosco e poderão fazer-nos o que vos apetecer." 11Na manhã seguinte, logo muito cedo, Shaúl chegou,
dividiu o exército em três destacamentos militares e caiu de surpresa sobre os amonitas, matando neles
toda a manhã; os que escaparam com vida foram de tal maneira perseguidos que nem sequer conseguiram
ficar dois juntos.

Shaúl confirmado como rei

12Então o povo exclamou para Shamu-Úl: "Onde está essa gente que dizia que Shaúl não haveria de ser
nosso rei? Que sejam trazidos aqui para os matarmos!" 13Mas Shaúl respondeu: "Ninguém será castigado
hoje; porque foi um dia em que YÁOHU ULHÍM salvou Yaoshorúl!" 14Depois Shamu-Úl disse para o povo:
"Venham, vamos todos a Gilgal confirmar Shaúl como nosso rei." 15Ali, numa cerimónia solene perante
YÁOHU ULHÍM, coroaram-no rei. Depois ofereceram ofertas de paz a YÁOHU ULHÍM; Shaúl e todo o
Yaoshorúl estavam muito felizes.



1 Shamu-Úl 12

O discurso de Shamu-Úl

1Shamu-Úl dirigiu-se de novo ao povo: "Fiz portanto como pediram. Dei-vos um rei, 2-3que está agora à
frente dos vossos destinos. Eu estou já velho e encanecido. Partirei, mas ficam os meus filhos convosco.
Quanto a mim, estive ao serviço de todo o povo desde a minha meninice. Agora, diante de YÁOHU UL e
daquele que ele ungiu como rei, digam-me a quem defraudei, ficando-lhe com algum boi ou jumento.
Alguma vez vos enganei ou oprimi? Alguma vez me deixei aliciar com presentes? Digam-me pois, para que
possa restituir qualquer dívida que tenha para convosco." 4"Não", responderam-lhe, "em nada nos
defraudaste nem oprimiste. Nunca te deixaste vender com presentes de espécie alguma." 5"Portant YÁOHU
ULHÍM e o seu ungido rei são testemunhas de que nunca vos explorei", declarou Shamu-Úl."Sim, é
verdade", responderam. 6-7"Foi YÁOHU ULHÍM quem escolheu Mehushúa e Aharón", continuou Shamu-Úl,
"e que trouxe os vossos antepassados para fora do Egipto. Agora dêem atenção, e deixem que vos recorde,
perante YÁOHU ULHÍM, todas as boas coisas que ele vos fez, a vocês a aos vossos pais. 8-9Quando os
Yaoshorulítas ainda estavam no Egipto e clamaram a YÁOHU ULHÍM, enviou-lhes Mehushúa e Aharón para
que os trouxesse a esta terra. Mas em breve se esqueceram de YÁOHU ULHÍM, seu Criador Eterno, por
isso permitiu que fossem vencidos por Sísera, o general do exército do rei Hazor, e pelos Palestinos e ainda
pelo rei de Moabe. 10-11Após isso clamaram de novo a YÁOHU ULHÍM e confessaram que tinham pecado,
desviando-se dele e adorando os ídolos de Baal e de Astarote. E garantiram, 'Só a ti adoraremos, somente
a ti, se nos livrares dos nossos inimigos'. Ora YÁOHU ULHÍM enviou Gideon, Boruháo, Yaptákh e Shamu-Úl
para vos livrar, e ficaram a viver em segurança. 12-13Aconteceu também que, quando estavam com medo
de Naás, o rei dos amonitas, vocês vieram ter comigo dizendo que queriam um rei que reinasse sobre
vocês. No entant YÁOHU ULHÍM vosso Criador Eterno era já um rei para vocês; ele sempre foi o vosso rei.
Pois bem, aqui está o rei que escolheram. Pediram-no, e YÁOHU ULHÍM respondeu ao vosso requerimento.
14-15Portanto, se respeitarem e adorarem YÁOHU ULHÍM e obedecerem aos seus mandamentos, sem se
insurgirem contra YÁOHU ULHÍM, e se, tanto vocês como o vosso rei, seguirem os caminhos de YÁOHU
UL vosso Criador Eterno, tudo vos correrá bem. Caso contrário, se se revoltarem contra os mandamentos
de YÁOHU ULHÍM e recusarem acatá-los, a sua mão se tornará pesada sobre vocês, tal como o foi sobre
os vossos antepassados. 16-17Quero que dêem agora bem atenção a uma intervenção milagrosa da parte
de YÁOHU UL. Sabem bem que normalmente não chove nesta altura do ano, durante o tempo da ceifa.
Mas vou orar a YÁOHU ULHÍM, e ele mandará uma trovoada e chuva hoje, para que se dêem conta da
extensão da vossa maldade, pedindo um rei!" 18Shamu-Úl então clamou a YÁOHU ULHÍM, que mandou
trovões e chuva. O povo ficou muito temeroso de YÁOHU UL e de Shamu-Úl. 19"Ora já a YÁOHU ULHÍM
por nós, se não vamos todos morrer!", gritaram a Shamu-Úl. "Reconhecemos que acrescentámos aos
nossos pecados ainda mais este, de ter pedido um rei para nós." 20-21"Não estejam com medo",
tranquilizou-os Shamu-Úl. "É certo que fizeram mal, mas agora a questão é estarem certos de que adoram
YÁOHU ULHÍM com verdadeiro entusiasmo e que não se desviam dele, de forma alguma. Dos outros falsos
criadores o estatuas, nenhum há que possa salvar-vos. 22 YÁOHU ULHÍM não abandonará o seu povo
escolhido; tal coisa, a suceder, seria um descrédito para o seu grande nome. Ele fez de vocês uma nação
especial, para si próprio; foi essa a sua vontade. 23Quanto a mim, pois, longe de mim o pecar contra
YÁOHU ULHÍM, deixando de orar por vocês; e hei-de continuar a ensinar-vos o que é bom e o que é recto.
24-25Confiem em YÁOHU ULHÍM e adorem-no com sinceridade; lembrem-se das coisas tremendas que fez
por vocês. Mas se continuarem a pecar, tanto vocês como o vosso rei serão destruídos."

1 Shamu-Úl 13

Shamu-Úl repreende Shaúl

1-2Shaúl tinha já reinado durante um ano, e agora, no segundo ano da sua função, seleccionou um
contingente especial de três mil combatentes, levando dois mil consigo para Micmás e para o monte Bohay-
Úl, enquanto os outros mil ficavam com Yaonaokhán, seu filho, em Gibeá, na terra de Benyamín. O resto do
exército foi mandado para casa. 3Yaonaokhán atacou e destruiu a guarnição dos Palestinos em Gibeá. A
notícia desta iniciativa militar depressa se espalhou pela terra da Filisteia, e Shaúl chamou às fileiras os
combatentes, em todo Yaoshorúl. 4Anunciou que tinha destruído a guarnição dos Palestinos e avisou as
tropas de que se tinham tornado alvo de ódio dos seus inimigos. Por isso todo o exército Yaoshorulíta foi
novamente mobilizado e se concentrou em Gilgal. 5Por seu lado os Palestinos recrutaram igualmente um
poderoso exército de três mil carros de combate, seis mil cavaleiros e tantos soldados de infantaria que de
longe mais se pareciam com a areia das praias do que com outra coisa; estes acamparam em Micmás, a
oriente de Beth-Aven. 6Quando os Yaoshorulítas viram aquele vasto conglomerado de tropas inimigas,
descontrolaram-se inteiramente e foram esconder-se em cavernas, matas, penhascos, fendas de rochas e
até em túmulos e cisternas. 7Alguns deles atravessaram o rio Yardayán e fugiram para a terra de Gaóld e
de Gaúliod ntretanto Shaúl ficou em Gilgal, e os que estavam com ele tremiam de medo à espera do que
poderia acontecer. 8-9Shamu-Úl tinha avisado anteriormente Shaúl de que deveria esperar sete dias pela
sua chegada; mas Shaúl, impaciente, vendo que ele não chegava, e perante aquela fuga das tropas, decidiu
sacrificar ele próprio o holocausto e as ofertas de paz. 10Mas, estava ele a acabar a cerimónia quando
chegou Shamu-Úl. Shaúl veio ao encontro dele para o saudar. 11Mas Shamu-Úl perguntou-lhe: "Que foi
que fizeste?""Bem, é que quando comecei a ver os meus homens a fugirem e que tu não chegavas na
altura prevista, e perante toda essa concentração de Palestinos em Micmás prontos para o combate,
12disse para comigo, 'Os Palestinos estão aí prontos a lançaram-se ao ataque contra nós e eu nem sequer
pedi ajuda de YÁOHU ULHÍM!' Por isso, ainda que com relutância, ofereci o holocausto sem esperar que
viesses." 13-14"Procedeste como um louco!", exclamou Shamu-Úl. "Desobedeceste ao mandamento de
YÁOHU UL teu Criador Eterno. Ele estava a planear fazer de ti, e dos teus descendentes, reis de Yaoshorúl
para sempre, mas sendo assim, a tua governação não terá continuidade. YÁOHU ULHÍM pretende um
homem que lhe obedeça; até já escolheu quem há-de ser e já o nomeou para rei sobre o seu povo; porque
tu não guardaste as ordens que ele te deu."

Yaoshorúl sem armas

15-18Shamu-Úl deixou Gilgal e foi para Gibeá na terra de Benyamín. Shaúl contou a gente que ainda tinha
consigo e viu que eram apenas seiscentos soldados! Shaúl e Yaonaokhán mais esses seiscentos homens
acamparam em Gibeá, na terra de Benyamín; os Palestinos continuavam em Micmás. Três companhias de
tropa de choque dos Palestinos em breve deixaram o seu acampamento militar e dirigiram-se, uma a Ofra
na terra de Shual, outra a Beth-Horom e a terceira em direcção à fronteira, acima do vale de Seboim, perto
do deserto. 19-21Não havia, nessa altura, em toda a terra de Yaoshorúl um só ferreiro; os próprios
Palestinos tinha criado essa situação entre os Yaoshorulítas por temerem que eles fizessem as suas
próprias armas, espadas e lanças. Assim, os Hebreus eram obrigados, sempre que precisavam a amolar as
suas relhas, enxadas, machados ou sachos, a ir ter com os ferreiros Palestinos. Chegavam mesmo para
afiar os seus instrumentos de trabalho a pagar os seguintes preços: uma relha ou uma enxada, sete gramas
e meia de prata; os outros instrumentos, ou um aguilhão de bois, metade daquela tarifa. 22-23Por essa
razão não havia sequer uma só espada ou lança no meio daquele povo, com excepção de Shaúl e de
Yaonaokhán que estavam armados. O desfiladeiro de Micmás estava sob vigilância dum contingente militar
Palestino.

1 Shamu-Úl 14

Yaonaokhán ataca os Palestinos

1Uns dias mais tarde, disse Yaonaokhán ao moço que lhe levava as armas: "Vamos atravessar o vale até à
guarnição dos Palestinos." Mas não avisou o pai do que tencionava fazer. 2-3Shaúl mais os seus seiscentos
homens continuava acampado nos limites de Gibeá, no sítio da romeira de Migrom. Entre a sua gente
encontrava-se Aías o intermediário (filho de Aitube, irmão de Icabode; Aitube era neto de Pinkhós e bisneto
de Uli, o intermediário de YÁOHU UL em Sheló.)Ninguém se deu conta aliás da ausência de Yaonaokhán.
4Para chegar à guarnição inimiga, Yaonaokhán era obrigado a passar por um intervalo entre duas rochas
muito íngremes, às quais se tinha dado o nome de Bozez e de Sené. 5A rocha a norte estava defronte de
Micmás e ao sul diante de Gibeá. 6"Vamos ter com estes pagãos", disse Yaonaokhán ao seu escudeiro.
"Talvez YÁOHU ULHÍM faça um milagre a nosso favor; para ele, não conta o número das tropas inimigas
que aqui se encontram!" 7"Está certo!", replicou o escudeiro. "Faz como melhor entenderes; estou contigo
de alma e coração, seja qual for a tua decisão." 8-9"Bom, então vamos fazer assim: Quando eles nos virem,
se disserem, 'Fica onde estás, se não matamos-te!', deixamo-nos ficar e esperamos que eles se cheguem.
10Mas se disserem, 'Vem, sobe já até aqui!', faremos o que nos disserem; pois será o sinal de que YÁOHU
ULHÍM nos ajudará a derrotá-los." 11-12Quando os Palestinos os viram aproximar-se, gritaram: "Olha! Os
Yaoshorulítas já estão a surgir das tocas para onde fugiram!" E depois, para Yaonaokhán: "Vá, sobe já até
aqui para que vos demos uma boa lição!""Anda, trepa atrás de mim", exclamou Yaonaokhán ao moço
escudeiro, "porque YÁOHU ULHÍM vai ajudar-nos a vencê-los!" 13-14Então amarinharam, apoiando-se nos
pés e nas mãos, e, chegando junto dos Palestinos, começaram a dar neles. Yaonaokhán derrubava-os, e o
escudeiro, atrás dele, acabava de os matar; assim uns vinte homens foram abatidos no espaço dum simples
campo cultivável.

Yaoshorúl derrota os Palestinos

15Mas isso foi o suficiente para que repentinamente o pânico se apoderasse de todo o exército Palestino e
até da própria tropa de choque. E para cúmulo um grande tremor de terra veio aumentar o pavor deles.
16As sentinelas de Shaúl, em Gibeá, olharam, e viram aquela vasta multidão do exército inimigo
desbaratando-se e fugindo em todas as direcções. 17-19"Vejam quem é que falta, dos nossos", mandou
Shaúl. Fizeram a chamada e verificaram que era Yaonaokhán e o seu escudeiro que faltavam. "Tragam
aqui a arca de YÁOHU ULHÍM", ordenou Shaúl a Aías. (Nessa altura a arca andava entre o povo.) Mas
enquanto Shaúl falava com o intermediário, os gritos e o alvoroço no campo dos Palestinos ia aumentando
cada vez mais, pelo que lhe disse então: "Retira a tua mão, já não há tempo!" 20-23Então Shaúl mais os
homens que com ele estavam lançaram-se à peleja e deram com os Palestinos a matarem-se uns aos
outros, numa tremenda confusão. Aconteceu até que havia, do lado dos Palestinos, Hebreus que se tinham
passado para eles, e que agora se juntavam aos Yaoshorulítas. Finalmente, todos aqueles que se tinham
escondido nas montanhas, quando viram os Palestinos a fugir, vieram também e puseram-se a perseguilos.
Foi assim que YÁOHU ULHÍM salvou Yaoshorúl nesse dia; e a batalha continuou para além de Beth-
Aven.

Shaúl amaldiçoa quem comer

24-26Shaúl declarou: "Maldito todo aquele que ingerir seja o que for antes da noite -antes que eu tenha
vingado completamente os meus inimigos." Por isso ninguém comeu coisa nenhuma durante todo esse dia,
mesmo quando, chegando a um bosque, encontraram muito mel pelo chão, porque toda a gente receava a
maldição de Shaúl. 27Mas Yaonaokhán não tinha ouvido a ordem do pai e, pegando num pau, meteu-o no
mel, levou-o à boca, comeu e sentiu-se muito melhor. 28Foi nessa altura só, que alguém lhe comunicou que
seu pai tinha amaldiçoado quem comesse alguma coisa antes da noite; até em consequência disso todos os
homens estavam esgotados e desfaleciam. 29-30"É ridículo!", exclamou Yaonaokhán. "Uma ordem dessas
só serve para vos tirar as forças. Vejam como eu me sinto muito mais renovado, agora que comi este
pedaço de mel. Se o povo tivesse tido autorização para comer todo o alimento que tivesse encontrado entre
os nossos inimigos, pensem só em como poderíamos ter feito uma matança muito maior!" 31-32Mas
mesmo assim, cansados e com fome, continuaram a perseguir e a matar Palestinos, todo esse dia, desde
Micmás até Ayalon, até que já não podiam mais, com a falta de forças com que estavam. Por fim, lançaram-
se sobre os despojos da batalha, mataram ovelhas, bois, vacas e bezerros e comeram-nos mesmo com
sangue. 33Alguém veio dar a notícia disso a Shaúl, dizendo-lhe o que estava a acontecer, que o povo comia
carne com o sangue."Isso é muito mal feito", disse Shaúl. "Tragam para aqui uma grande pedra; 34vão por
entre as tropas e digam para trazerem os bois e os cordeiros; que os comam então, mas depois de terem
escorrido o sangue; que não pequem contra YÁOHU ULHÍM comendo-o." Os outros assim fizeram. 35E
Shaúl construiu um altar; foi o primeiro altar que edificou a YÁOHU ULHÍM. 36Após isso declarou o
seguinte: "Vamos perseguir os Palestinos toda a noite, e não deixemos um só com vida.""De acordo!",
disseram os que estavam com ele. "Faz como melhor entenderes."No entanto o intermediário lembrou:
"Temos primeiro que consultar YÁOHU ULHÍM." 37Shaúl perguntou a YÁOHU ULHÍM: "Deveremos nós ir
atrás dos Palestinos? Ajudar-nos-ás a derrotá-los?" Mas YÁOHU ULHÍM nada respondeu, durante toda a
noite. 38-39Então Shaúl dirigiu-se aos chefes do povo: "Há qualquer coisa de errado! Temos de saber que
pecado é que foi cometido hoje. Juro pelo Shúam (Nome) de YÁOHU ULHÍM o qual salvou Yaoshorúl que,
nem que se trate do meu próprio filho Yaonaokhán, certamente morrerá!" Mas ninguém de entre o povo lhe
disse de que perturbação se tratava. 40Shaúl propos o seguinte: "Yaonaokhán e eu próprio nos poremos
aqui, e vocês estarão aí defronte de nós." Todo o povo concordou. 41Depois, Shaúl dirigiu-se a YÁOHU
ULHÍM: "Ó YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl, porque é que não respondeste à minha
pergunta? O que é que está errado? Seremos nós, Yaonaokhán e eu, que somos culpados, ou estará o
pecado no lado dos outros? Ó YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno, mostra-nos de quem é a culpa."
Yaonaokhán e Shaúl foram escolhidos, pelas sortes sagradas, como sendo os culpados; e o povo foi
declarado inocente. 42Saúl então acrescentou: "Sendo assim lancem de novo sortes entre mim e
Yaonaokhán." E desta vez foi Yaonaokhán o escolhido como culpado. 43"Diz-me o que foi que fizestes",
pediu ele ao filho."Provei um bocado de mel", confessou Yaonaokhán. "Foi apenas uma pequena porção na
ponta dum pau, e agora sei que devo morrer." 44"Sim, Yaonaokhán, deves morrer. Que YÁOHU ULHÍM me
tire a vida a mim, se não fores efectivamente executado por causa do que fizeste." 45No entanto o povo
interveio. "Como é isso? Yaonaokhán, que salvou hoje Yaoshorúl, ter de morrer? Isso nunca. Tão certo
como YÁOHU ULHÍM ser vivo, que não se tocará num só cabelo da sua cabeça; porque foi usado por
YÁOHU ULHÍM para fazer hoje um grande milagre entre nós." Desta forma o povo o salvou. 46Shaúl
mandou recolher o exército; os Palestinos deixaram de ser perseguidos e recolheram às suas próprias
terras. 47-48Agora que já se encontrava seguro com o rei de Yaoshorúl, Shaúl enviou o exército de
Yaoshorúl por toda a parte, lutar contra Moabe, Amom, Edom, os reis de Zobá e os Palestinos. Por todo o
lado para onde se voltasse triunfava. Cometeu grande feitos e conquistou os amalequitas, salvando
Yaoshorúl daqueles que tinham antes sido seus conquistadores.

A família de Shaúl

49Shaúl tinha três filhos: Yaonaokhán, Isví e Molkhishúa; mais duas filhas: Merabe e Mical, a mais nova. 5051A
mulher de Shaúl chamava-se Ainoã; era filha de Ahimaóz. O general comandante do exército era seu
primo Abner, filho de Ner, tio de Shaúl. (Quer dizer, portanto, que Ner, o pai de Abner, e Cis, o pai de Shaúl,
eram irmãos, filhos de Abiel.) 52Durante todo o tempo do reinado de Shaúl, os Yaoshorulítas combateram
os Palestinos. E sempre que Shaúl via um homem valente e forte, alistava-o no seu exército.

1 Shamu-Úl 15

YÁOHU ULHÍM rejeita Shaúl como rei

1Um dia disse Shamu-Úl a Shaúl: "Coroei-te rei de Yaoshorúl por indicação de YÁOHU UL. Por isso agora
ouve bem isto que YÁOHU ULHÍM te manda: 2-3'Decidi lembrar à nação dos amalequitas o que ela fez, que
recusou permitir que o meu povo atravessasse o seu território quando vinha do Egipto, e castigá-los-ei por
isso. Deverás agora destruí-los totalmente -homens, mulheres, crianças, mesmo os bebés; e também bois,
ovelhas, camelos e jumentos.'" 4-6Shaúl mobilizou então o exército em Telaim. Eram ao todo duzentos mil
soldados de infantaria, além de dez mil só de YAOHÚ-dah. Os amalequitas acamparam-se num vale mais
abaixo donde eles estavam. Shaúl enviou uma mensagem aos queneus, dizendo-lhes para sairem do meio
dos de Amaleque, porque se não, morreriam com eles: "Pois que vocês foram bons com o povo de
Yaoshorúl quando voltava do Egipto", explicou-lhes. Os queneus seguiram o aviso e retiraram-se. 7-9Shaúl
matou amalequitas desde Havilá por todo o caminho até Sur, a oriente do Egipto. Capturou Agague, o rei
deles, mas matou o resto da gente toda. No entanto Shaúl e os seus homens conservaram com vida o
melhor dos bois, das ovelhas, os cordeiros mais gordos -tudo, enfim, que mais os interessou. Só destruíram
o que lhes pareceu desprezável e sem qualidade. 10Então YÁOHU ULHÍM disse a Shamu-Úl: 1113"
Lamento ter posto Shaúl como rei; deixou de me seguir, de executar a minha palavra." Shamu-Úl ficou
profundamente contristado quando ouviu YÁOHU ULHÍM dizer aquilo, de tal maneira que passou toda a
noite a chorar. Logo de manhã cedo foi ao encontro de Shaúl. Mas alguém lhe disse que ele tinha ido ao
monte Carmiúl erigir um monumento em sua própria honra, seguindo depois para Gilgal. Quando finalmente
Shamu-Úl o encontrou, Shaúl veio logo ter com ele, saudando-o:"Como passas? Tenho a dizer-te que já dei
cumprimento às ordens de YÁOHU UL!" 14"Sim? Mas então que balido de ovelhas e que mugido de vacas
é esse que estou a ouvir?" 15"Pois, com efeito, é verdade que o exército poupou o melhor que havia de
ovelhas e de vacas. Mas é para serem sacrificadas a YÁOHU ULHÍM, teu Criador Eterno. Tudo o resto
destruímos totalmente." 16"Não digas mais nada! Escuta agora o que YÁOHU ULHÍM me disse esta
noite!""Mas que foi?", perguntou Shaúl. 17-19"Numa altura em que ainda não te tinhas em grande
consideração a ti próprio, YÁOHU ULHÍM fez de ti rei de Yaoshorúl. Depois mandou-te cumprir esta acção,
ordenando-te: 'Vai destruir completamente esses pecadores amalequitas, até que todos estejam mortos.'
Sendo assim, por que razão não obedeceste a YÁOHU ULHÍM? Porque é que te lançaste sobre o despojo,
fazendo exactamente aquilo que YÁOHU ULHÍM mandara que não fizesses?" 20-21"Mas eu obedeci a
YÁOHU ULHÍM!", insistiu Shaúl. "Fiz o que ele me disse; trouxe o rei Agague, mas matei todo o resto da
gente. Foi só quando as tropas pediram para ficarem com o melhor dos animais e do saque que eu as
autorizei, para oferecerem isso a YÁOHU ULHÍM." 22-23"Mas alguma vez YÁOHU ULHÍM tem o mesmo
prazer nos holocaustos e sacrifícios do que na obediência à sua palavra? Obedcer é muito melhor do que
sacrificar! Ele está muito mais interessado em que o escutes e sigas, do que na gordura de carneiros. A
rebelião é pecado tão grave como a própria feitiçaria; a obstinação é coisa tão má como a idolatria.
Portanto, já que rejeitaste a palavra de YÁOHU UL, também YÁOHU ULHÍM te pôs de parte como rei." 2425"
Sim, eu pequei", admitiu finalmente Shaúl. "É verdade que desobedeci às tuas instruções e às ordens de
YÁOHU UL, porque tive medo do povo; por isso fiz o que eles me pediram. Rogo-te que me perdoes o meu
pecado desta vez, e vem comigo adorar YÁOHU ULHÍM." 26"Não. Não vou contigo, visto que desprezaste a
palavra de YÁOHU UL, e que por consequência YÁOHU ULHÍM também já te rejeitou como rei de
Yaoshorúl." 27-29E quando Shamu-Úl se ia retirar, Shaúl ainda o agarrou pela aba da capa para o fazer
voltar, rasgando-lhe um pedaço. E Shamu-Úl disse-lhe: "Também YÁOHU ULHÍM já rasgou de ti o reino de
Yaoshorúl, hoje mesmo, e o deu a um compatriota teu, melhor do que tu. Aquele que é a força de Yaoshorúl
não mente, nem muda de intenções; pois não é nenhum homem!" 30Shaúl teimou: "Pequei, com certeza.
Mas ao menos honra-me perante os chefes e o povo, indo comigo adorar YÁOHU ULHÍM, teu Criador
Eterno." 31Shamu-Úl concordou, desta vez, e foi com ele. 32Depois Shamu-Úl ordenou: "Tragam-me aqui o
rei Agague." Este chegou-se, todo confiante, pensando consigo mesmo, "Com certeza que o pior já passou.
Eles vão seguramente poupar-me a vida!" 33Mas Shamu-Úl falou-lhe assim: "A tua espada tirou os filhos a
muitas mães; por isso agora será a tua mãe a ser desfilhada." E a seguir despedaçou-o ali mesmo, perante
YÁOHU ULHÍM em Gilgal. 34Shamu-Úl regressou a sua casa em Roéma; e Shaúl voltou para Gibeá.
35Shamu-Úl nunca mais tornou a encontrar-se com Shaúl, embora tendo ficado a ter muita pena dele.
Também YÁOHU ULHÍM ficou triste por o ter feito rei de Yaoshorúl.
1 Shamu-Úl 16

Dáoud é escolhido e ungido

1Finalmente YÁOHU ULHÍM disse a Shamu-Úl: "Não há razão para continuares assim a ter pena de Shaúl,
porque eu já o rejeitei como rei de Yaoshorúl. Por isso pega num recipiente de azeite e vai a Beth-Lékhem
encontrar-te com um homem chamado Yaoshái. Escolhi um dos seus filhos para ser o novo rei." 2-3Mas
Shamu-Úl perguntou: "Como é que eu posso fazer uma coisa dessas? Se Shaúl vier a saber, tentará matarme!""
Leva contigo uma bezerra", continuou YÁOHU ULHÍM, "e diz que vieste para fazer um sacrifício a
YÁOHU ULHÍM. Depois convidarás Yaoshái, e para o resto mostrar-te-ei como hás-de fazer e qual o filho
que deverás ungir." 4Então Shamu-Úl fez como YÁOHU ULHÍM lhe disse. Quando chegou a Beth-Lékhem
os anciãos da cidade vieram ter com ele muito receosos: "O que é que se passa? É alguma coisa que não
está bem?" 5Shamu-Úl respondeu: "Está tudo bem. Eu vim cá para fazer um sacrifício a YÁOHU ULHÍM.
Purifiquem-se e venham comigo ao sacrifício." Cumpriu então o rito da purificação. Fez o mesmo para com
Yaoshái, mais seus filhos, e convidou-os igualmente. 6Quando chegaram ao local do sacrifício, Shamu-Úl
reparou em Uliab e pensou para consigo: "É com certeza este, o homem que YÁOHU ULHÍM escolheu!"
7Mas YÁOHU ULHÍM disse-lhe: "Não julgues pelo aspecto da pessoa, ou pela sua estatura. Não é esse
aquele que eu escolhi. Eu não julgo da mesma forma que os homens. Estes fazem juízos de acordo com a
aparência das coisas; mas eu olho para as intenções dos corações." 8Depois Yaoshái disse ao seu outro
filho, a Abinaodáb, que avançasse perante Shamu-Úl. Mas YÁOHU ULHÍM disse-lhe: "Também não é este,
o que eu escolhi." 9A seguir Yaoshái mandou Samá avançar. E ainda desta vez YÁOHU ULHÍM disse:
"Ainda não é este." E passaram diante de Shamu-Úl os seus sete filhos, sendo todos rejeitados. 10-11"
YÁOHU ULHÍM não escolheu nenhum deles", disse Shamu-Úl a Yaoshái. "São estes todos os teus
filhos?""Bom, há ainda o mais novito. Mas está fora, está a apascentar as ovelhas.""Manda-o já vir aqui",
disse Shamu-Úl. "Não nos sentaremos à mesa enquanto não tiver chegado." 12Yaoshái mandou que
fossem buscá-lo. Era um rapazinho de bela aparência, de rosto formoso e saudável. YÁOHU ULHÍM disse:
"É este. Unge-o." 13Assim, enquanto Dáoud ali estava em pé, entre os irmãos, Shamu-Úl pegou no azeite
que trouxera e derramou-o sobre a cabeça de Dáoud; o RÚKHA de YÁOHU ULHÍM veio sobre Dáoud desse
dia em diante. Shamu-Úl regressou então a Roéma.
Dáoud ao serviço de Shaúl
14-16O RÚKHA de YÁOHU UL deixou Shaúl, mas em seu lugar enviou um espírito atormentador, que lhe
causava depressão e medo. Alguns dos seus ajudantes sugeriram-lhe: "Deixa-nos ir à procura dum harpista
que toque para ti sempre que esse espírito atormentador te dominar. A música de harpa acalmar-te-á e logo
tornarás a ficar bem." 17"Pois sim", disse Shaúl. "Arranjem então um harpista." 18Um deles disse que
conhecia um moço de Beth-Lékhem, filho de um homem chamado Yaoshái, que não só era um harpista
talentoso, mas ainda um indivíduo hábil, corajoso, forte, de boa presença e inteligente. "E o que é ainda
mais importante", acrescentaram eles, " YÁOHU ULHÍM está com ele." 19-21Shaúl mandou mensageiros a
Yaoshái, pedindo-lhe que lhe enviasse Dáoud, o apacentador. Yaoshái respondeu, enviando não só Dáoud
mas também um cabrito mais um jumento carregado com alimentos e com vinho. Logo que viu Dáoud,
Shaúl sentiu-se atraído por ele, fazendo-o seu pajem de armas. 22Shaúl escreveu a Yaoshái: "Peço-te que
deixes Dáoud fazer parte da minha corte. Estou muito satisfeito com ele." 23Sempre que o espírito
atormentador atacava Shaúl, da parte de YÁOHU ULHÍM, Dáoud tocava harpa e ele sentia-se melhor; o
espírito mau deixava-o, depois.

1 Shamu-Úl 17

Dáoud e Goliath

1Os Palestinos convocaram o seu exército para uma guerra, e acamparam entre Sukkós em YAOHÚ-dah e
Azeca, em Efes-Damim. 2Shaúl opunha-se-lhes com um ajuntamento de tropas, reunidas no vale de Elá.
3Desta forma, os Palestinos e os Yaoshorulítas encontravam-se frente a frente em duas colinas opostas,
com o vale entre eles. 4-7Goliath, um grande guerreiro, originário de Gate, avançou, vindo das fileiras dos
Palestinos e pôs-se diante das forças militares Yaoshorulítas. Tratava-se de um verdadeiro gigante, media
para cima de três metros de altura! Trazia um capacete de bronze, vestia uma couraça que pesava uns cem
quilos, tinha as pernas protegidas com caneleiras também de bronze, e a sua lança, do mesmo metal, era
de vários centímetros de espessura, guarnecida com uma ponta de ferro de perto de doze quilos. O seu
escudeiro ia à frente, carregando-lhe com um grande escudo. 8-10Goliath parou então e gritou para os
Yaoshorulítas: "Para que precisam vocês de um exército inteiro para resolver esta questão? Eu serei o
delegado de todos os Palestinos, e vocês escolham alguém que vos represente, e resolveremos este
combate entre os dois. Se o vosso homem conseguir matar-me, seremos vossos escravos. Mas se for eu a
matá-lo, serão vocês nossos escravos! Desafio pois os exércitos de Yaoshorúl! Mandem ter comigo um
homem que combata comigo!" 11Ao ouvirem isto, Shaúl e todo o exército Yaoshorulíta ficaram
extremamente angustiados e aterrorizados. 12-15Dáoud, o filho de Yaoshái (da tribo de Efroím, que vivia
em Beth-Lékhem de YAOHÚ-dah), tinha sete irmãos mais velhos que ele. Os três mais velhos -Uliab,
Abinaodáb e Samá - tinham seguido, como voluntários, o exército de Shaúl para combaterem os Palestinos.
Dáoud, que era o mais novo dos irmãos, fazia parte da corte de Shaúl, mas a tempo parcial. O resto do
tempo voltava para ajudar o pai nos rebanhos. 16Entretanto e durante quarenta dias, duas vezes por dia, de
manhã e de tarde, o gigante Palestino pavoneava-se perante as forças Yaoshorulítas. 17-18Um dia Yaoshái
disse a Dáoud, seu filho: "Leva-me estes trinta e cinco litros de grão torrado mais estes dez bolos aos teus
irmãos. Dá também esses queijos ao capitão deles e vê se estão a passar bem. Toma conta de algum
recado que me queiram mandar." 19Shaúl e as suas forças militares estavam acampados no vale de Elá.
20-21Dáoud deixou as ovelhas entregues a outro apacentador e partiu de manhã cedo com o que o pai
mandava aos filhos. Chegou assim à entrada do acampamento quando o exército Yaoshorulíta se
preparava para a batalha com gritos e apelos à luta. Ambas as forças inimigas se encontravam frente a
frente, em disposição de combate. 22Dáoud entregou o seu fardo ao bagageiro e correu para as fileiras à
procura dos irmãos. 23Enquanto conversava com estes, viu Goliath avançar de entre os pelotões Palestinos
e gritar o seu desafio às tropas de Yaoshorúl. 24Estas, assim que o viram, recuaram de terror. 25"Viste?
Viste aquele gigante?", perguntavam os soldados. "Tem insultado o exército de Yaoshorúl. O rei ofereceu já
uma enorme recompensa a quem o matar: dar-lhe-á uma das suas filhas, e toda a sua família ficará isenta
de impostos!" 26Foi assim que Dáoud se informou, junto de alguns que ali estavam perto, sobre o que
fariam àquele que matasse o Palestino e parasse com aqueles insultos a Yaoshorúl. "Quem é este pagão
Palestinos que ousa assim desafiar os exércitos de YÁOHU ULHÍM vivo?", perguntava. 27E davam-lhe
sempre a mesma resposta. 28O irmão mais velho de Dáoud, Uliab, quando ouviu Dáoud a falar desta
maneira, ficou muito zangado: "Mas afinal o que é que estás tu aqui a fazer? A quem deixaste tu aquelas
poucas ovelhas lá no deserto? Sei bem como és maroto e gabarola. O que queres é vir ver a peleja!" 2930"
Que foi agora que eu fiz? Fiz apenas uma pergunta!" E afastou-se para continuar a falar com outros,
dizendo-lhe toda a gente sempre a mesma coisa. 31As pessoas começaram a reparar nele e no que dizia e
foram contar a Shaúl; este mandou chamá-lo. 32"Que ninguém se angustie por causa daquele gigante",
disse Dáoud. "Eu me encarregarei desse Palestino!" 33"Olha lá, como é que um rapazinho como tu poderia
fazer frente a um homem daqueles, que é soldado desde a sua mocidade?" 34-37Mas Dáoud insistiu:
"Quando estou a tomar conta das ovelhas do meu pai, se me aparece um leão ou um urso para me roubar
um animal do rebanho, corro atrás dele com uma tranca e tiro-lhe o cordeiro da boca. Se ele se volta contra
mim, agarro-o pelas mandíbulas e despedaço-o, até morrer. Fiz isto já, tanto com ursos como com leões;
certamente que poderei fazer o mesmo em relação a esse pagão Palestino que teve a ousadia de desafiar
os exércitos de YÁOHU ULHÍM vivo! YÁOHU ULHÍM, que me salvou dos dentes das feras, salvar-me-á
também deste Palestino!"Shaúl por fim consentiu: "Está bem, vai lá então, e que YÁOHU ULHÍM seja
contigo!" 38-39Shaúl deu-lhe a sua própria armadura - uma couraça de bronze e uma cota de malha. Dáoud
pôs aquilo tudo sobre si, cingiu a espada, e deu dois ou três passos para ver como se sentia, porque era a
primeira vez que usava um equipamento de combate. "Mas eu nem sequer me posso mexer! Nunca andei
com coisas destas!" exclamou, e tirou tudo de sobre si. 40-42Foi depois buscar à torrente que por ali
passava cinco pequenos seixos e pô-los no seu alforge de apacentador; pegou no bordão, na funda e
dirigiu-se na direcção de Goliath. Este veio também ao encontro dele, com o homem que lhe levava o
escudo, à sua frente, olhando com desprezo para aquele mocinho de rosto corado e de gentil aspecto! 4344"
Ouve lá, sou eu algum cão", rugiu para Dáoud, "para vires contra mim com um pau?" E amaldiçoou
Dáoud pelos nomes dos seus falsos criadores o estatuas. "Vem cá, vem, para que dê a tua carne comer às
aves e aos animais selvagens", gritou Goliath. 45Dáoud por sua vez gritou-lhe como resposta: "Tu vens
contra mim armado de lança e de escudo; mas eu lutarei contigo em Shúam (Nome) de YÁOHU UL
Tzavulyáo celestiais e de Yaoshorúl -o verdadeir YÁOHU ULHÍM, a quem tens afrontado. 46-47Hoje
YÁOHU ULHÍM te entregará na minha mão; hei-de matar-te e cortar-te a cabeça e depois darei os corpos
mortos dos teus homens aos pássaros e às feras; todo o mundo ficará assim a saber que há um YÁOHU
ULHÍM em Yaoshorúl! Yaoshorúl, também, aprenderá assim que YÁOHU ULHÍM não está dependente de
armas de guerra para dar cumprimento aos seus planos de salvação -ele actua sem estar sujeito a meios
humanos. Esta questão agora é só dele, e ele vos entregará na nossa mão." 48-51Goliath aproximou-se,
Dáoud correu ao seu encontro e, tirando do alforge uma das pequenas pedras, pô-la na funda e feriu o
Palestino na cabeça. O seixo cravou-se-lhe mesmo na fronte de tal forma que o homem caiu com o rosto
em terra. Dáoud conseguiu assim vencer o gigante Palestino com uma simples funda e uma pedra. Como
não tinha espada, correu para Goliath, tirou a dele da bainha, matou-o e cortou-lhe a cabeça. Quando os
Palestinos viram aquilo, e que o seu campeão estava morto, desataram a fugir. 52-53Os Yaoshorulítas
deram um grande grito de triunfo e foram atrás deles, perseguindo-os mesmo até Gate e até às portas de
Ekron. Os corpos dos mortos e dos feridos espalhavam-se por todo o caminho de Saaraim. As tropas
Yaoshorulítas regressaram e despojaram o acampamento abandonado pelos Palestinos. 54Mais tarde
Dáoud levou a cabeça de Goliath para Yaohúshua-oléym, mas guardou as armas de Goliath na sua própria
tenda. 55Shaúl, quando estava a ver Dáoud a dirigir-se em direcção de Goliath, perguntou a Abner, o
general do seu exército: "Abner, a que família pertence este mocinho?""Realmente não sei!" 56"Bom, então
procura informar-te", disse-lhe o rei. 57Depois de Dáoud ter matado Goliath, Abner trouxe-o junto de Shaúl,
com a cabeça do gigante ainda nas mãos. 58"Fala-me lá então de teu pai, meu rapaz", pediu-lhe Shaúl
Dáoud: "Chama-se Yaoshái. Vivemos em Beth-Lékhem."

1 Shamu-Úl 18

Shaúl tem ciúmes de Dáoud


1-4Depois de Shaúl ter conversado com Dáoud, este encontrou-se com Yaonaokhán, o filho do rei;
imediatamente se estabeleceu entre os dois uma grande amizade, e fizeram entre os dois uma aliança.
Yaonaokhán ligou-se a Dáoud como se fosse o seu próprio irmão. Como penhor dessa grande amizade
deu-lhe a sua capa, a espada, o arco e o cinto que trazia rei Shaúl guardou Dáoud consigo em Yaohúshua
oléym e não o deixou regressar mais a casa. 5Tornou-se oficial do exército e todas as directrizes que
recebia executava-as inteligentemente. Essa nomeação foi aplaudida não só pelos que estavam ao serviço
do rei como por toda a população em geral. 6Mas aconteceu uma coisa: quando o exército Yaoshorulíta
regressava vitorioso, depois de Dáoud ter morto Goliath, muitas mulheres, vindas de todas as cidades de
Yaoshorúl, vieram ao encontro do rei Shaúl para o aclamar, cantando e com danças, acompanhadas de
adufes e de instrumentos de música, e tudo no meio de grande alegria. 7No entanto, nos seus cantares
diziam assim: "Shaúl matou os seus milhares, e Dáoud os seus dez milhares!" 8Shaúl indignou-se muito
com isto: "O quê? Então louvam Dáoud por dez milhares e a mim só por milhares. Por este andar, pouco
falta para que façam dele rei!", pensou consigo. 9Assim, a partir dessa altura, o rei Shaúl ficou sempre de
pé atrás em relação a Dáoud. 10-13Logo no dia seguinte, com efeito, o espírito atormentador veio sobre ele,
da parte de YÁOHU ULHÍM. Dáoud, para o acalmar, começou a tocar a harpa, como das outras vezes que
tal acontecia. Mas Shaúl, que tinha ali ao seu alcance uma lança, lançou-a repentinamente contra Dáoud,
com a intenção de o cravar contra a parede. Dáoud contudo saltou a tempo para o lado e conseguiu
escapar-lhe: Isto aconteceu também noutra ocasião, porque Shaúl temia-o e tinha ciúmes dele por YÁOHU
ULHÍM o ter deixado a si e estar agora com Dáoud. Finalmente Shaúl baniu-o da sua presença e demitiu-o
do cargo de oficial do exército. Mas tudo isto colocou Dáoud ainda mais em evidência aos olhos da
população. 14-16Dáoud continuava a ser bem sucedido em tudo o que empreendia, porque YÁOHU ULHÍM
estava com ele. Shaúl, perante tais factos, ia-se tornando cada vez mais receoso dele. Mas todo o
Yaoshorúl e YAOHÚ-dah amava Dáoud, porque ele se conduzia como se fosse igual a eles. 17Um dia
Shaúl disse a Dáoud: "Estou pronto a dar-te a minha filha mais velha, Merabe, por esposa. Mas
primeiramente terás de provar que és um verdadeiro soldado, combatendo as guerras de YÁOHU UL."
Porque Shaúl pensava consigo: "Vale mais que o mande lutar contra os Palestinos e que morra assim, do
que ser eu a tirar-lhe a vida." 18"Mas quem sou eu para me tornar genro do rei?", exclamou Dáoud. "A
família de meu pai pouco vale!" 19Entretanto, quando chegou a altura de Merabe ser dada a Dáoud, Shaúl
casou-a antes com a Adriel, um homem de Meolate. 20Aconteceu no entanto que Mical, outra filha de
Shaúl, amava muito Dáoud; Shaúl ficou satisfeito ao saber disso. 21"Aqui está uma oportunidade de o fazer
matar pelos Palestinos!", pensou Shaúl. Contudo ao próprio Dáoud disse assim: "Tens ainda ocasião de te
tornares genro do rei; posso dar-te a minha filha mais nova." 22-23Shaúl deu instruções aos seus homens
para que dissessem confidencialmente a Dáoud que o rei no fundo gostava mesmo muito dele, que todos,
aliás, gostavam dele e achavam que deveria aceitar a proposta do rei de se tornar seu genro. Mas ele
replicava-lhes: "Como pode um pobre homem como eu, vindo de uma família sem quaisquer pergaminhos,
achar um dote suficiente para poder vir a casar com a filha do rei?" 24-25Quando vieram contar isto a
Shaúl, este disse-lhes: "Digam a Dáoud que o único dote de que eu preciso é de uma centena de Palestinos
mortos! Vingança sobre os meus inimigos é tudo o que eu pretendo." No entanto, o que ele tinha em mente
era que Dáoud fosse morto nesse combate. 26-27Dáoud ficou muito contente com essa proposta. E assim,
muito antes que o prazo fixado tivesse acabado, partiu, acompanhado dos seus próprios homens e matou
duzentos Palestinos, apresentando os seus prepúcios ao rei. Sendo assim, Mical foi-lhe dada por mulher.
28-30Quando o rei se deu conta de quanto YÁOHU ULHÍM estava com Dáoud, e como se ia tornando
imensamente popular, ficou-lhe ainda com mais medo, aumentando o ódio que nutria contra ele, dia após
dia. Sempre que as tropas dos Palestinos atacavam, Dáoud era muito mais bem sucedido contra os
inimigos do que o resto dos soldados de Shaúl. Dessa forma o nome de Dáoud se tornou famoso em toda a
terra.

1 Shamu-Úl 19

Shaúl tenta matar Dáoud

1-2Shaúl, agora, apertava com os ajudantes e com o próprio Yaonaokhán, para assassinarem Dáoud. Mas
Yaonaokhán, por causa da sua grande amizade por Dáoud, disse-lhe o que seu pai estava a planear.
"Amanhã de manhã", avisou ele, "terás de procurar um lugar escondido nos campos. 3Pedirei a meu pai
que venha comigo até esse sítio e falar-lhe-ei de ti. Depois te direi tudo o que se tiver passado." 4-5Na
manhã seguinte, Yaonaokhán conversou com o pai e falou-lhe bem de Dáoud, pedindo-lhe que não se
voltasse contra ele. "Nunca fez nada que fosse contra ti. Pelo contrário, procurou ajudar-te sempre que
pôde. Ter-te-ás já esquecido daquele momento em que arriscou a vida para matar o Goliath, e como
YÁOHU ULHÍM deu em resultado uma vitória tão grande a Yaoshorúl? Nessa altura estavas bem satisfeito
com isso, não é verdade? Porque havias tu agora de assassinar um homem inocente? Não há razão
nenhuma para uma coisa dessas!" 6Shaúl acabou por concordar e prometeu: "Tão certo como YÁOHU
ULHÍM estar vivo, que não o matarei." 7A seguir a isso Yaonaokhán chamou Dáoud e relatou-lhe o que
acontecera. Levou depois Dáoud à presença de Shaúl e tudo ficou como nos primeiros tempos. 8Aliás,
pouco tempo depois, rebentou nova guerra e Dáoud conduziu as tropas contra os Palestinos, matando
grande número e pondo em fuga o resto do exército inimigo. 9-10Mas uma noite em que Shaúl estava a
sentar nos seus aposentos ouvindo Dáoud tocar harpa, o espírito atormentador, da parte de YÁOHU UL,
atacou-o de repente. Havia uma lança ali perto à mão, e atirou-a contra Dáoud com o intuito de o matar.
Mas este esquivou-se a tempo, fugindo para fora, para o escuro da noite; a lança ficou cravada na parede.
11Shaúl chegou a mandar tropas para vigiarem a casa de Dáoud e para o matarem pela manhã, quando
saísse. "Se não fugires esta mesma noite", avisou-o Mical, "amanhã de manhã estarás morto." 12Ela
própria o ajudou a descer por uma janela. 13Então pegou num ídolo, pô-lo na cama, cobriu-o com
cobertores e colocou sobre a almofada uma pele de cabra. 14-16Quando os soldados vieram para prender
Dáoud e levá-lo a Shaúl, ela disse-lhes que estava doente, que não podia sair da cama. Shaúl disse aos
soldados para lhe trazerem Dáoud mesmo na cama, para que pudesse matá-lo. Mas quando vieram a fim
de o transportar, descobriram que se tratava apenas de uma imagem! 17"Porque é que me enganaste e
deixaste escapar o meu inimigo?", perguntou Shaúl a Mical."Fui obrigada a isso. Ele ameaçou que me
matava se não o ajudasse". 18Dessa forma Dáoud conseguiu fugir para Roéma, para se encontrar com
Shamu-Úl, e contou-lhe o que Shaúl lhe tinha feito. Shamu-Úl levou-o para ir viver consigo em Naiote. 1920Quando
Shaúl soube que Dáoud estava em Naiote de Roéma, enviou uma tropa para o capturar; mas ao
chegarem e ao verem Shamu-Úl mais os outros homens de YÁOHU ULHÍM profetizando, o RÚKHAYÁOHU
veio também sobre eles e começaram a profetizar. 21Shaúl, sabendo o que acontecera, mandou
outras tropas; mas também lhes sucedeu a mesma coisa! E ainda com um terceiro contingente se passou
idêntico facto. 22Shaúl decidiu ir ele próprio em pessoa até Roéma. Chegado ao grande poço de Secu,
perguntou: "Onde estão Shamu-Úl e Dáoud?"Alguém lhe disse que estavam em Naiote. 23Mas ao dirigir-se
para lá, também o RÚKHA-YÁOHU veio sobre ele e profetizou, à semelhança dos outros! 24Despiu a sua
roupagem, e permaneceu assim todo o dia e toda a noite, profetizando na companhia dos profetas de
Shamu-Úl. "O quê?", exclamavam as pessoas, "Shaúl está também a profetizar?"

1 Shamu-Úl 20

Dáoud e Yaonaokhán fazem uma aliança


1Dáoud então fugiu de Naiote em Roéma e encontrou-se com Yaonaokhán. "Que foi que eu fiz?",
exclamou. "Porque é que teu pai procura tirar-me a vida?" 2"Não é verdade!", protestou Yaonaokhán.
"Tenho a certeza de que ele não está a planear uma tal coisa, pois que sempre me diz tudo o que pensa
fazer, mesmo as mais pequenas coisas, e sei que não me esconderia um projecto desses. Não, isso não
pode ser." 3"Tu é que não sabes o que se passa! Teu pai sabe bem da nossa amizade e por isso pensa
para consigo, 'Não vou dizer nada a Yaonaokhán para não o magoar.'Mas a verdade é que eu ando
constantemente a dois passos da morte -tão verdade como YÁOHU ULHÍM ser vivo e ser viva a tua alma!"
4Yaonaokhán disse-lhe: "Então diz-me o que poderei fazer em teu favor." 5-8"Amanhã começa a
celebração da lua nova. Anteriormente sempre passei essa ocasião com o teu pai, mas amanhã escondo-
me no campo e fico lá até à noite do terceiro dia. Se o teu pai perguntar onde estou eu, diz-lhe que pedi
licença para ir a casa a Beth-Lékhem, para a reunião anual de família. Se responder, 'Está bem!', saberei
assim que não há novidade. Mas se ele se encolerizar, isso será o sinal de que na verdade quer mesmo
matar-me. Faz isso para mim, que jurámos ser como irmãos. Se não, mata-me tu mesmo, se é verdade que
pequei contra o teu pai, mas não me entregues a ele!" 9"Com certeza que não faria uma coisa dessas!",
exclamou Yaonaokhán. "Eu não deixaria de te avisar se soubesse que o meu pai estava com intenções de
te matar!" 10Então Dáoud perguntou, "Como hei-de eu saber se o teu pai está ou não zangado?" 11"Vamos
para o campo", convidou Yaonaokhán. E sairam juntos. 12-15Yaonaokhán disse então a Dáoud: "Prometo,
pelo YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl, que amanhã por esta altura do dia, ou depois de
amanhã o mais tardar, falarei ao meu pai a teu respeito e dar-te-ei a conhecer definitivamente o que ele
sente por ti. Se estiver encolerizado e com a intenção de te matar, então que seja YÁOHU ULHÍM a matar-
me se eu não to disser, para que possas escapar e viver. Que YÁOHU ULHÍM seja contigo como foi antes
com o meu pai. E lembra-te de que deves demonstrar o amor e a bondade de YÁOHU UL não só para
comigo, durante a minha vida, mas também para com os meus filhos, depois de YÁOHU UL ter destruído
todos os teus inimigos." 16-17Assim Yaonaokhán fez uma aliança com a família de Dáoud, e este jurou
respeitar essa aliança, sob o risco de terríveis maldições contra si próprio e contra os seus descendentes no
caso de vir a ser infiel à sua promessa. Yaonaokhán fez que Dáoud jurasse segunda vez, pela grande
amizade que havia entre eles; porque lhe queria tanto quanto a si próprio. 18-23Então Yaonaokhán disse:
"Sim, amanhã eles darão pela tua falta à mesa, quando virem o teu lugar vazio. Depois de amanhã, toda a
gente perguntará por ti; por isso mantém-te no esconderijo onde te encontrares, junto à pedra de Ezel. Eu
aproximar-me-ei desse sítio e atirarei três setas em direcção à pedra, como se estivesse a atirar ao alvo. A
seguir mandarei um moço ir buscar as setas. Se me ouvires dizer-lhe: 'Procura-as aí, que estão aí mesmo',
então saberás que tudo vai bem e que não há problemas. Mas se lhe disser: 'Mais adiante, as setas estão lá
mais para a frente', então isso quererá dizer que deves pôr-te imediatamente a salvo. Que YÁOHU ULHÍM
nos ajude a sermos fiéis ao que prometemos um ao outro, pois que ele próprio foi testemunha disso. 2427Assim
Dáoud escondeu-se no campo. Quando a celebração da lua nova começou, o rei sentou-se para
comer no seu lugar habitual, junto à parede. Yaonaokhán sentou-se à sua frente e Abner ao lado de Shaúl,
ficando vazio o lugar de Dáoud. Shaúl nada disse sobre o facto, durante o dia todo, porque supos que
qualquer coisa teria acontecido a Dáoud que o tivesse tornado ritualmente impuro. Mas quando no dia
seguinte o seu lugar continuou vazio, perguntou a Yaonaokhán: "Porque é que Dáoud não veio comer, nem
ontem nem hoje?" 28-29"Ele pediu-me se podia ir a Beth-Lékhem tomar parte na celebração que faz a
família", respondeu Yaonaokhán. "O irmão pediu para ele lá estar, e eu disse-lhe que fosse." 30-31Shaúl
ficou ardendo em ira: "Filho duma cadela!", gritou-lhe. "Pensas tu que eu não sei muito bem que aliaste a
esse filho de Yaoshái, envergonhando-te a ti mesmo e à tua família? Enquanto esse indivíduo for vivo, tu
nunca serás rei. Vai já à procura dele para que o mate!" 32"Mas que mal fez ele? Porque é que havia de
morrer?" 33-34Então Shaúl atirou-lhe com a lança para o matar. Yaonaokhán deu-se bem conta com efeito
de que o seu pai estava absolutamente decidido a matar Dáoud. Deixou a mesa profundamente revoltado e
recusou comer naquele dia por causa do vergonhoso comportamento do seu pai para com Dáoud. 35Na
manhã seguinte, como combinado, saiu para o campo, e levou consigo um moço que lhe fosse apanhar
setas. 36-39"Vai a correr apanhar as setas que eu atirar". Este partiu e ele atirou uma seta que fez passar
adiante dele. Quando o rapaz estava quase a chegar ao sítio gritou-lhe: "A seta está mais à frente de ti.
Avia-te, não demores." O moço apanhou as setas, e veio entregá-las a Yaonaokhán, sem ter percebido
nada das intenções do seu chefe. Só Yaonaokhán e Dáoud sabiam do significado daquelas palavras.
40Yaonaokhán entregou as setas e o arco ao rapaz, e disse-lhe que regressasse à cidade. 41Logo que o
rapaz partiu, Dáoud saiu do lugar onde estava escondido, para o lado sul do campo, veio ao seu encontro,
abraçaram-se tristemente e ficaram ambos a chorar. Dáoud estava mesmo inconsolável! 42Por fim
Yaonaokhán disse-lhe: "Olha, tem coragem, porque no fundo confiámos as nossas vidas e as vidas de
nossos filhos nas mãos de YÁOHU ULHÍM para sempre." Então separaram-se, e Yaonaokhán regressou à
cidade.

1 Shamu-Úl 21

Dáoud em Nobe

1Dáoud foi à cidade de Nobe ver o intermediário Abimeleque. Este ficou a tremer quando o viu. "Porque é
que vens só? Porque não vem ninguém contigo?" 2-3"O rei enviou-me cá para um assunto confidencial",
mentiu Dáoud. "Disse-me que ninguém deveria saber que eu estou aqui. Os meus homens sabem onde me
hão-de encontrar, mais tarde. Para já, tens alguma coisa que comer? Dá-me uns cinco pães, ou outra coisa
qualquer." 4"Mas nós aqui não temos pão nenhum, a não ser o pão sagrado, que eu suponho que vocês
podem levar, contanto que os teus moços se tenham abstido de mulheres." 5"Sim, podes estar descansado.
Há três dias que os meus homens mantêm a sua santidade ritual, embora estejamos numa campanha
vulgar. Mas assim irão mantê-la com muito mais razão!" 6Então, como não havia ali outro alimento, o
intermediário deu-lhe daquele pão santo (o pão da presença) que estava colocado perante YÁOHU ULHÍM
no tabernáculo. Tinha aliás sido substituído por pão fresco naquele mesmo dia. 7(Por acaso, aconteceu que
Doegue, edomita, o chefe dos anciãos de Shaúl, se encontrava ali naquela altura, para se purificar
cerimonialmente.) 8Dáoud pediu ainda a Abimeleque se tinha à mão uma flecha ou uma espada que
pudesse utilizar: "O serviço do rei exigiu-me tamanha pressa que tive de partir precipitadamente, e vim
desarmado!" 9"Bem, o que eu tenho aqui é a própria espada de Goliath, o Palestino, que mataste no vale de
Elá. Está embrulhada num pano, ali no armário. Leva-a se quiseres, pois aqui não tenho mais nada."Dáoud
respondeu: "É mesmo disso de que eu precisava! Dá-ma já."

Dáoud em Gate

10-11Dáoud foi-se logo embora, pois estava com medo de Shaúl e veio ter com o rei Aquis, de Gate.
Contudo, os conselheiros deste não ficaram satisfeitos com a presença dele ali: "Afinal, não é este um chefe
máximo de Yaoshorúl?", perguntavam. "Não é este a quem o povo honrava com danças, cantando -Shaúl
matou um milhar, e Dáoud dez milhares?" 12-15Dáoud, ouvindo estes comentários, receava o que o rei
Aquis lhe pudesse fazer, e então pensou em fazer-se passar por louco. Punha-se a arranhar as portas e
deixava a baba escorrer-lhe pela boca até à barba, até que finalmente o rei Aquis disse para a sua gente:
"Faltam-me doidos cá, para que me tragam ainda mais um? Para que me serve um maluco destes aqui na
minha casa?"

1 Shamu-Úl 22

Dáoud em Adulão e Mizpá

1-2Dáoud deixou Gate e foi-se esconder na caverna de Adulão, onde aliás em breve se lhe juntaram os
irmãos e outros parentes. E mais gente ainda começou a vir ter com ele -pessoas que de alguma maneira
se encontravam em apertos, ou endividados, ou revoltados por qualquer coisa -de tal forma que reuniu à
sua volta uns quatrocentos homens. 3-4Mais tarde Dáoud foi a Mizpá, em Moabe, pedir licença ao rei para
deixar viver ali seus pais, sob protecção real, até saber o que YÁOHU ULHÍM faria dele. E lá ficaram então
todo o período em que Dáoud se manteve no seu refúgio fortificado.

Shaúl mata os intermediários de Nobe

5-6Um dia, o profeta Gaóld disse a Dáoud para deixar a caverna e voltar para a terra de YAOHÚ-dah.
Dáoud foi pois para a floresta de Herete. Rapidamente a sua chegada a YAOHÚ-dah chegou aos ouvidos
de Shaúl, que se encontrava em Gibeá naquela altura, instalado debaixo dum carvalho, jogando com a
lança, rodeado da corte. 7-8"Ouçam-me bem, gente de Benyamín!" exclamou o rei quando recebeu a
notícia. "Será porque Dáoud vos prometeu campos, vinhas e postos no exército para toda a gente, será por
isso que estão todos contra mim? Porque é que não houve um só sequer de vocês que me tivesse avisado
de que o meu próprio filho tinha feito aliança com Dáoud! Vocês não têm pena nenhuma de mim! Pensem
só no que me acontece: o meu próprio filho encorajando Dáoud a vir aqui matar-me!" 9-10Doegue, o
edomita, que ali estava, acompanhando a corte de Shaúl, pediu para falar: "Quando estive em Nobe vi
Dáoud a conversar com o intermediário Abimeleque. Este consultou YÁOHU ULHÍM sobre o que Dáoud
havia de fazer e depois deu-lhe alimento, mais a espada de Goliath." 11-12O rei convocou imediatamente
Abimeleque, assim como os outros intermediários em Nobe. Quando estes chegaram, Shaúl gritou: "Ouve
lá, tu, filho de Aitube!""Estou a ouvir, meu chefe!", respondeu Abimeleque a tremer. 13"Porque é que tu e
Dáoud conspiraram contra mim. Porque lhe deste de comer, mais uma espada, e ainda consultaram
YÁOHU ULHÍM a favor dele? Porque é que o encorajaste a revoltar-se contra mim e vir aqui atacar-me?"
14-15"Mas, chefe, haverá entre os vossos servos alguém que vos seja mais fiel do que o vosso genro?
Porque razão é ele afinal vosso pajem e dos membros mais honrados da vossa corte? Nem foi esta, com
certeza, a primeira vez que consultei YÁOHU ULHÍM a favor dele! Não é justo que eu seja acusado, mais a
minha família, dessas coisas que ouvi; nós nada sabíamos de semelhante conspiração!" 16"Terás de
morrer, Abimeleque, tu e toda a tua família!", gritou-lhe o rei. Depois, 17dirigindo-se aos ajudantes: "Matem
estes intermediários, porque são aliados na conspiração de Dáoud; eles bem sabiam que ele andava fugido
e nada me disseram!" No entanto os soldados recusaram fazer mal aos intermediários. 18Então Shaúl disse
para Doegue: "Faz tu isso." Doegue foi para eles e matou-os, oitenta e cinco intermediários, no total, todos
trazendo as vestimentas sacerdotais. 19Depois foi a Nobe, à cidade dos intermediários, e matou as famílias
dos intermediários -homens, mulheres, crianças e até bebés; assim como bois, jumentos e cordeiros. 2022Só
Abyaoter, um dos filhos de Abimeleque conseguiu escapar e fugir para junto de Dáoud, e lhe contou o
que acontecera. Ao ouvir isto, Dáoud exclamou: "Eu já estava à espera disto! Quando vi ali Doegue, fiquei
logo com a certeza de que Shaúl havia de ser avisado. Fui eu o culpado da morte de toda a tua família.
23Fica comigo e proteger-te-ei como à minha própria vida. Só poderão fazer-te mal depois de me tirarem a
vida."



1 Shamu-Úl 23

Dáoud salva Queila

1-2Um dia chegou aos ouvidos de Dáoud que os Palestinos estavam em Queila a saquear as eiras; e
perguntou a YÁOHU ULHÍM: "Deverei ir atacá-los?""Sim, vai e salva Queila", respondeu-lhe YÁOHU
ULHÍM. 3Mas os homens de Dáoud disseram: "Nós aqui em YAOHÚ-dah vivemos constantemente em
temor, quanto mais ainda se formos atacar todo o exército dos Palestinos!" 4Dáoud tornou a consultar
YÁOHU ULHÍM e a obter a mesma resposta: "Vai a Queila, pois que te ajudarei a vencer os Palestinos." 56Foram
até lá e conseguiram na verdade matar os Palestinos e confiscar-lhes gado; dessa forma o povo de
Queila foi salvo. Aliás Abyaoter, o intermediário, acompanhou Dáoud nessa expedição, levando consigo o
éfode para obter as respostas que YÁOHU ULHÍM dava a Dáoud.

Shaúl persegue Dáoud

7Shaúl em breve soube que Dáoud estava em Queila. "Óptimo", exclamou. "Apanhámo-lo. YÁOHU ULHÍM
entregou-mo, pois que ficará encurralado numa cidade murada!" 8-9Mobilizou todo o exército e marchou em
direcção a Queila para sitiar Dáoud com os seus homens. Dáoud teve conhecimento dos planos de Shaúl e
disse a Abyaoter para trazer o éfode a fim de consultar YÁOHU ULHÍM sobre o que deveria fazer. 10-11"Ó
YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl", disse Dáoud, "ouvi que Shaúl planeia vir e destruir Queila
por eu estar aqui. Será que a gente de Queila me entregará na sua mão? E será que Shaúl vem cá
efectivamente, como ouvi dizer? Peço-te, YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl, que me
respondas."E YÁOHU ULHÍM respondeu-lhe: "Sim, ele virá". 12"E a população de Queila entregar-me-á a
Shaúl?", insistiu Dáoud."Entregar-te-ão." 13Então Dáoud, com os seus homens -que já eram agora uns
seiscentos -deixaram Queila e andaram a vaguear por aquela região. Shaúl depressa soube que Dáoud
escapara, por isso não chegou a ir lá. 14-15Dáoud agora vivia nas grutas do deserto, na região das colinas
de Zife. Um dia, perto de Hores, teve conhecimento de que Shaúl se dirigia a Zife, procurando matá-lo.
Shaúl andava dia após dia à procura dele, mas YÁOHU ULHÍM não permitia que o encontrasse. 16O seu
filho Yaonaokhán foi ter com Dáoud e encontrou-se com ele em Hores, encorajando-o a ter confiança em
YÁOHU ULHÍM: 17"Não tenhas receio. O meu pai nunca te encontrará! Tu virás a ser rei em Yaoshorúl e eu
serei o segundo, no reino, ao teu lado; aliás o meu pai sabe muito bem isso." 18Assim ambos renovaram o
seu pacto de amizade. Dáoud ficou em Hores e Yaonaokhán voltou para casa. 19-20Mas os homens de Zife
foram ter com Shaúl em Gibeá e trairam Dáoud: "Sabemos onde é que ele se esconde. Está nas grutas de
Hores nas colinas de Haquila, para o sul do deserto. Vem, que nós o apanharemos para to entregar e assim

o teu maior desejo será cumprido!" 21-23"Óptimo. Louvado seja YÁOHU ULHÍM!", disse Shaúl. "Até que
enfim que alguém teve piedade de mim. Vão-se embora, verifiquem melhor isso, para terem a certeza do
sítio onde ele está e tomem nota de quem é que o viu. Olhem que ele é muito astuto. Vejam bem onde é
que se esconde, depois voltem cá para me darem um relato detalhado da situação. Após isso irei convosco.
Se realmente ele lá se encontrar achá-lo-ei de certeza, nem que tenha de verificar cada centímetro de
terreno!" 24-29Os homens de Zife regressaram. Mas Dáoud soube que Shaúl tinha intenções de vir a Zife,
por isso resolveu ir, com os companheiros, para mais longe, para o deserto de Maom, para os lados do sul.
Shaúl contudo seguiu-os até lá. A certa altura Dáoud e Shaúl encontravam-se nas vertentes opostas da
mesma montanha. Shaúl começou a cercá-lo, e Dáoud procurava, com os seus, escapar-lhe, sem o
conseguir, contudo. Estavam nisto quando chegou a Shaúl uma mensagem em como os Palestinos
atacavam de novo Yaoshorúl; por isso desistiu da perseguição e foi combater os outros. Desde então o
lugar onde se acampara ficou a ser chamado a Rocha de Fuga. Dáoud dali foi viver para as grutas de
Engedi.

1 Shamu-Úl 24

Dáoud poupa a vida a Shaúl

1-2Voltando Shaúl de combater os Palestinos, disseram-lhe que Dáoud tinha ido para os lugares desertos
de Engedi. Levou então consigo três mil homens da tropa de elite e foi em busca dele por entre os
desfiladeiros rochosos e por caminhos de acesso a cabras monteses! 3Chegado a um sítio onde
costumavam descansar rebanhos de ovelhas, Shaúl retirou-se para uma gruta, para fazer as suas
necessidades. Ora aconteceu que nessa gruta estavam justamente escondidos Dáoud e os companheiros!
4"É agora a tua vez!", murmuraram-lhe os seus homens. "Este é o dia do que YÁOHU ULHÍM falava quando
dizia, 'Dar-te-ei o teu inimigo nas tuas mãos e far-lhe-ás como melhor entenderes'." Dáoud rastejou com
muito cuidado até Shaúl e cortou-lhe, sem ele sentir, um pedação da capa que trazia. 5Contudo, logo a
seguir, a sua consciência ficou a acusá-lo. 6"Não devia ter feito isto", disse para a sua gente. "É um grave
pecado atacar de alguma maneira o rei que foi escolhido por YÁOHU ULHÍM." 7E foi com estas palavras
que persuadiu os companheiros a não matarem Shaúl epois de deixar aquela gruta, Shaúl continuou o seu
caminho. 8Dáoud saíu e gritou atrás dele: "Ó rei, meu chefe!" Shaúl olhou para donde vinha a voz, e Dáoud
inclinou-se por terra. 9A seguir continuou: "Porque é que dás ouvidos às pessoas que te dizem que eu
quero o teu mal? 10-11Hoje vais ter a prova de que tal não é verdade. YÁOHU ULHÍM pôs-te à minha
mercê, ali naquela gruta, e até alguns dos meus homens me disseram para te matar; mas eu poupei-te.
Porque disse para comigo, 'Não lhe hei-de fazer mal, pois é o rei que YÁOHU ULHÍM escolheu'. Olha aqui o
que eu tenho nas mãos. É um pedaço da tua capa. Cortei-o sem te ter feito mal algum! Será que isto não te
convence ainda de que não tenho a mínima intenção de te fazer mal algum e de que não pequei em nada
contra ti, apesar de andares todo o tempo a perseguir-me? 12-13 YÁOHU ULHÍM é que há-de julgar entre
nós dois. É possível que ele te venha a matar por aquilo que procuras fazer-me; mas eu quanto a mim
nunca te farei mal. Como diz aquele velho provérbio: 'O perverso actua pervsersamente'. Mas apesar da tua
maldade, eu não te hei-de tocar. 14-15E, ao fim e ao cabo, atrás de quem anda o rei de Yaoshorúl? O que é
que o faz andar a perder o seu tempo, perseguindo um indivíduo que vale tanto como um cão morto, ou
como uma pulga? Que seja pois YÁOHU ULHÍM a julgar qual de nós tem razão e que ele castigue aquele
que é culpado. Ele é o meu juiz e o meu advogado. Ele me defenderá da tua mão!" 16-21"Dáoud, meu filho,
és tu mesmo quem estou a ouvir?", disse Shaúl depois de ele acabar. Então desatou a chorar. Acrescentou
a seguir: "Tu és melhor do que eu, porque me pagaste o mal com o bem. Sim foste extremamente bom para
comigo hoje, pois que quando YÁOHU ULHÍM me entregou nas tuas mãos, não me mataste. Quem mais no
mundo deixaria o seu adversário ir-se embora depois de o ter ao seu alcance? Que YÁOHU ULHÍM te
recompense pelo bem que hoje me fizeste. Dou-me conta agora de que tu te tornarás efectivamente rei e
que Yaoshorúl será bem governado sob a tua mão. Jura-me em todo o caso, pelo YÁOHU ULHÍM, que,
quando isso acontecer, pouparás a minha família e não acabarás com a linha da minha descendência."
22Dáoud prometeu, e Shaúl foi-se embora. Mas Dáoud regressou à gruta.

1 Shamu-Úl 25
Dáoud, Nabal e Abigaúl

1Algum tempo depois morreu Shamu-Úl e todo o Yaoshorúl se juntou para o funeral, sepultando-o no local
próprio da sua família, em Roéma ntretanto Dáoud desceu para o deserto de Parã. 2Havia um homem rico
de Maom que tinha uma grande propriedade para criação de gado perto da aldeia de Carmiúl. Possuia três
mil ovelhas e um milhar de cabras. Naquela altura encontrava-se na sua quinta tosquiando as ovelhas. 3O
seu nome era Nabal, e a sua mulher, que era bela e inteligente, chamava-se Abigaúl. No entanto aquele
indivíduo, descendente de Caleb, tinha um mau carácter e uma natureza ruim. 4-5Ao ouvir que Nabal
estava a tosquiar as ovelhas, Dáoud mandou dez dos seus companheiros a Carmiúl com esta mensagem:
6-8"Que YÁOHU ULHÍM aumente a tua prosperidade, bem como a da tua família, e que tenhas muita paz,
tu e todos os teus! Disseram-me que estás a tosquiar os animais. Hás-de saber certamente que aos teus
anciãos, enquanto estiveram no nosso meio, nunca lhes aconteceu qualquer mal, e nada lhes faltou
enquanto estiveram no Carmiúl. Pergunta-lhes e verás se é ou não assim. Agora, envio-te aqui alguns dos
meus homens para te pedir um donativo, pois sabemos que é uma altura de fartura para ti. Por favor, dá-
nos qualquer coisa do que tiveres à mão." 9Os moços de Dáoud deram o recado e ficaram à espera. 1011"
Mas quem é esse Dáoud", exclamou. "Quem pensa, esse filho de Yaoshái, que é ele? Há montes de
servos nestes tempos que correm, fugidos aos seus chefees, porque é que eu havia de pegar no meu pão,
na minha água, na carne das reses que eu abati para os meus criados e dá-la a um bando de gente que
aparece não se sabe donde?" 12Os mensageiros de Dáoud voltaram para trás e contaram-lhe a resposta
de Nabal. 13"Peguem nas espadas!", foi a resposta de Dáoud, enquanto embainhava a sua. Quatrocentos
partiram com ele e duzentos ficaram a guardar as bagagens. 14-17Entretanto, um dos criados de Nabal foi
contar tudo a Abigaúl: "Dáoud mandou cá uns homens seus, desde o deserto, que falaram com muito boas
maneiras ao nosso amo, mas este insultou-os e pô-los na rua. E é verdade que a gente de Dáoud nos tratou
sempre bem e nada sofremos enquanto estivemos com eles; a bem dizer, de dia e de noite, eles eram como
um muro de protecção para nós e para o gado; nada nos foi roubado durante todo o tempo que estivemos
com eles. Vê bem o que há a fazer, porque as coisas vão correr mal para o nosso amo e a sua família -ele
tem tão mau feitio que ninguém pode falar com ele!" 18Então Abigaúl preparou à pressa duzentos bolos de
farinha, dois odres de vinho, cinco ovelhas guisadas, setenta litros de grão torrado, cem bolos de passas,
duzentos bolos de figo e carregou tudo em jumentos, dizendo ao criados: 19"Vão já andando com isso, que
eu vou a seguir." Mas não disse nada ao marido. 20Quando ela vinha a caminho montada no seu jumento,
encontrou-se com Dáoud. 21-22Dáoud tinha vindo a pensar durante a marcha: "Ora aqui está como nos
fartámos de fazer bem a este indivíduo, sem recompensa alguma. Protegemos-lhe os rebanhos no deserto
de tal forma que nada lhes foi roubado nem lhes faltou, e agora paga-nos desta maneira o bem que lhe
fizemos. Tudo o que acabámos por receber foi insultos. Que YÁOHU ULHÍM me castigue se até amanhã de
manhã ficar vivo algum homem naquela casa!" 23Abigaúl ao ver Dáoud desmontou rapidamente e inclinou-
se. 24"Recaia sobre mim a culpa disto tudo, meu chefe", disse. "Peço-te que ouças aquilo que pretendo
dizer-te. 25Nabal é um homem mau; por favor não ligues ao que diz. É um louco, aliás tal como o seu nome
indica. Mas a questão é que eu não soube da vinda dos teus mensageiros. 26E agora, sendo que YÁOHU
ULHÍM te impediu de matares e de te vingares por tuas próprias mãos, a minha oração a YÁOHU ULHÍM, a
favor da tua vida, é que todos os teus inimigos sejam tão castigados como Nabal for. 27-31Portanto, aqui
está um presente que vos trouxe, para ti e para os teus homens. Perdoa-me a ousadia em ter vindo até
aqui. YÁOHU ULHÍM certamente te recompensará com uma realeza firme, assim como aos teus
descendentes, pois que combates as guerras de YÁOHU UL, e nunca se viu que agisses erradamente em
toda a tua vida. Mesmo quando és perseguido por aqueles que procuram tirar-te a vida, YÁOHU ULHÍM, teu
Criador Eterno te protege como se estivesses na palma da sua mão! Mas as vidas dos teus inimigos
desaparecerão como pedras atiradas numa funda. Quando YÁOHU ULHÍM tiver cumprido todas as coisas
que te prometeu e te tiver feito rei de Yaoshorúl, certamente não quererás ter a consciência dum assassino,
que procurou fazer justiça por suas próprias mãos! Portanto, quando YÁOHU ULHÍM tiver realizado todas
essas grandes coisas a teu favor, peço-te que te lembres de mim!" 32Dáoud respondeu a Abigaúl desta
forma: "Seja bendit YÁOHU ULHÍM o Criador Eterno de Yaoshorúl que te mandou ao meu encontro neste
dia! 33-34Graças a YÁOHU ULHÍM pelo teu bom senso! Abençoada sejas tu por me teres impedido de
matar um homem e de me ter vingado por minhas próprias mãos. Porque, com efeito, juro-te pelo YÁOHU
ULHÍM, o Criador Eterno de Yaoshorúl, que me guardou de te fazer mal, que se não tivesses vindo ao meu
encontro, nenhum dos homens de Nabal estaria com vida amanhã de manhã." 35Dáoud aceitou os
presentes e disse-lhe que regressasse a casa sem temor, porque não lhe mataria o marido. 36-38Quando
ela chegou a casa verificou que Nabal tinha dado uma grande celebração e que estava a cair de bêbado;
por isso nada lhe disse do seu encontro com Dáoud até chegar à manhã seguinte. Nessa altura, estando
Nabal já recuperado da embriaguês, quando ela lhe contou tudo o que acontecera, ele teve um ataque e
caiu paralisado; ficou assim durante dez dias, até que morreu. Foi YÁOHU ULHÍM quem lhe tirou a vida.
39Ao ouvir da morte dele Dáoud disse: "Louvado seja YÁOHU ULHÍM! YÁOHU ULHÍM deu a Nabal a
recompensa que merecia e preservou-me de ser eu a fazê-lo. Recebeu assim a paga do seu pecado."
Dáoud enviou então mensageiros ter com Abigaúl, pedindo-lhe que se tornasse sua mulher. 40-42Quando
chegaram a Carmiúl e lhe apresentaram o pedido, ela aceitou e aprontou-se para partir. Levou consigo
cinco das suas moças, montou no jumento e foi com os homens de Dáoud. Assim se tornou mulher de
Dáoud. 43-44Dáoud casou também com Ainoã de Yaozoro-Úl. O rei Shaúl entretanto tinha obrigado a
primeira mulher de Dáoud, Mical sua filha, a casar com um indivíduo de Galim chamado Palti, filho de Laís.

1 Shamu-Úl 26
Dáoud poupa de novo a vida de Shaúl

1-2Os homens de Zife vieram ter com Shaúl em Gibeá dizer-lhe que Dáoud tinha voltado para o deserto e
estava escondido nas colinas de Haquila. Shaúl reuniu a tropa de elite, com três mil combatentes e foi em
sua perseguição. 3-4Acampou junto à estrada, à entrada do deserto em que Dáoud se escondia; mas
Dáoud, sabendo da sua vinda, enviou espias para lhe estudar os movimentos. 5-7Uma noite Dáoud
esgueirou-se pelo acampamento de Shaúl. Este, acompanhado do general Abner, estavam a dormir no
centro do acampamento, rodeado de soldados."Há algum voluntário que queria vir comigo até ali?",
perguntou Dáoud a Aimeleque (o heteu) e a Abishái (irmão de Yoab e filho de Zeruía.)"Vou eu", respondeu
Abishái. Desceram ambos até ao lugar em que estava Shaúl e viram que estava a dormir, com a lança ao
lado, no chão. 8" YÁOHU ULHÍM pôs-te o teu inimigo nas mãos, sem dúvida alguma", sussurrou Abishái a
Dáoud. "Deixa-me ir a mim atravessá-lo com a lança. Cravo-o no chão. Faço de um só golpe!" 9-11"Não.
Não o matarás. Quem é que seria considerado inocente depois de ter morto aquele que YÁOHU ULHÍM
escolheu como rei? YÁOHU ULHÍM certamente que o castigará um dia, e virá a morrer, ou numa batalha ou
simplesmente de velho. Mas que YÁOHU ULHÍM nunca permita que eu venha a matar aquele que foi
escolhido por ele para ser rei! Vou-te dizer o que faremos -tiramos-lhe a lança e a bilha de água e vamo-
nos daqui!" 12-13Dáoud pegou na lança, na bilha de água, e foram-se ambos embora sem que ninguém
desse por coisa nenhuma, nem sequer acordasse, pois que tinha side YÁOHU ULHÍM mesmo que os tinha
posto a dormir. Subiram a encosta do monte que estava em frente ao acampamento e puseram-se a uma
distância segura. 14Então Dáoud gritou para Abner e para Shaúl: "Acorda, Abner!""Quem é que está a
chamar?", perguntou Abner. 15-16"Então, Abner, és um militar exemplar!", disse Dáoud com ironia. "Onde é
que se encontraria em Yaoshorúl uma pessoa assim? Mas olha que não soubeste guardar o teu chefe, o rei,
quando houve alguém que veio para matá-lo! Isso não é bom sinal! Garanto-te, em Shúam (Nome) de
YÁOHU UL, que deverias morrer por causa da tua incúria. Repara só, onde estão a lança e a bilha de água
que estavam à cabeceira do rei? 17-18Shaúl reconheceu a voz de Dáoud e disse: "És tu, Dáoud meu
filho?""Sim, chefe, sou eu. Porque me persegues tu? Que fiz eu? Qual é o meu crime? 19Se foi YÁOHU
ULHÍM quem te incitou contra mim, então que ele aceite a minha oferta de paz. Mas se tudo isto não for
mais do que o fruto da vontade dum homem, então que esse homem seja amaldiçoado por YÁOHU ULHÍM.
Tu fizeste que fugisse da minha casa, e não posso viver com o povo de YÁOHU UL; têm chegado a propôrme
prestar culto a falsos criadores o estatuas estranhos. 20Estarei eu destinado a morrer em terra
estrangeira, longe da presença de YÁOHU ULHÍM? Porque é que o rei de Yaoshorúl haveria de correr atrás
da minha vida, como se fosse atrás duma perdiz dos montes?" 21Então Shaúl confessou: "Actuei
erradamente. Regressa a casa, meu filho, e nunca mais te hei-de fazer mal; porque hoje poupaste-me a
vida. Tenho sido como um louco, e errei profundamente." 22-24"Aqui está a tua lança, meu chefe",
respondeu Dáoud. "Que um dos vossos moços venha aqui buscá-la. YÁOHU ULHÍM recompensa cada um
pela sua rectidão e pela sua lealdade. Quanto a mim, ele bem viu que recusei matar-te mesmo tendo-te,
YÁOHU ULHÍM, posto entre as minhas mãos. Agora, que YÁOHU ULHÍM guarde a minha vida, tal como eu
poupei a tua hoje. Que YÁOHU ULHÍM me livre de todas as minhas tribulações." 25E Shaúl disse a Dáoud:
"Que YÁOHU ULHÍM te abençoe, meu filho Dáoud. Tu farás grandes coisas e serás um grande guerreiro."
Então Dáoud foi-se embora e Shaúl voltou para o sítio onde estava antes.

1 Shamu-Úl 27
Dáoud entre os Palestinos

1No entanto Dáoud continou a pensar consigo mesmo: "Pode ainda acontecer que Shaúl me apanhe. O
melhor é tentar a minha sorte entre os Palestinos, até que Shaúl realmente desista e acabe de perseguir-
me. Só então estarei seguro novamente." 2-4Por isso, pegou nos seus seiscentos homens, e com as
famílias, e foi viver para Gate, sob a protecção do rei Aquis. Tinha consigo as suas duas mulheres -Ainoã
de Yaozoro-Úl e Abigaúl de Carmiúl, a viúva de Nabal. Shaúl veio a saber, em breve, que Dáoud tinha
fugido para Gate, e parou de o perseguir. 5Um dia Dáoud disse a Aquis: "Meu chefe, se não te parecesse
mal, nós gostaríamos de viver antes numa das cidades da província, e não aqui na capital." 6-7Então Aquis
deu-lhe Ziklag (cidade essa que ainda hoje pertence aos reis de YAOHÚ-dah) e ali viveram entre os
Palestinos durante um ano e quatro meses. 8Dáoud e os seus homens passavam ao tempo fazendo
incursões sobre os gesuritas, os girzitas e os amalequitas (povos Palestinos que vivera perto de Sur, ao
longo do caminho do Egipto, desde tempos remotos). 9Não deixavam alma viva nas localidades sobre que
caiam, e traziam como despojo carneiros, bois, jumentos e camelos, além de vestuário, quando
regressavam a casa. 10-12"Então, hoje, onde foi a vossa incursão?", perguntava-lhes Aquis, quando
voltavam Dáoud respondia: "Caímos sobre o sul de YAOHÚ-dah, sobre o povo jerameelita e sobre os
queneus." Porque não ficava ninguém vivo para vir dizer onde eles tinham estado realmente. Fizeram isto
muitas vezes enquanto viveram no meio dos Palestinos. Aquis acreditava no que Dáoud dizia e pensava
que o povo de Yaoshorúl devia aborrecê-lo profundamente. "Ele agora vê-se obrigado a ficar aqui e a servir-
me até ao fim da vida!", pensava o rei.

1 Shamu-Úl 28

Shaúl e a bruxa de Endor

1A certa altura os Palestinos convocaram o seu exército e prepararam-se para nova guerra contra
Yaoshorúl. "Vem ajudar-nos a combater", disse o rei Aquis a Dáoud e aos seus companheiros. 2"Está bem",
concordou Dáoud. "Verás em breve como podemos ser-vos úteis.""Se assim for, tornar-te-ás meu escudeiro
para toda a vida", acrescentou Aquis. 3(Entretanto Shamu-Úl tinha morrido e Yaoshorúl chorara o seu
desaparecimento. Foi enterrado em Roéma, sua cidade natal. Note-se também que Shaúl tinha banido da
terra de Yaoshorúl tudo o que era bruxaria e consulta dos mortos.) 4-8Os Palestinos, pois, acamparam em
Sunem, e Shaúl, mais os seus batalhões, em Gilboa. Quando Shaúl viu o vasto exército que os inimigos
constituíam, ficou paralisado de terror e perguntou a YÁOHU ULHÍM o que deveria fazer. No entant YÁOHU
ULHÍM recusou responder-lhe, fosse por sonhos fosse através do urim ou mesmo pelos profetas. Então
Shaúl deu instruções aos seus ajudantes para tentarem encontrar alguém que consultasse o espírito dos
mortos, e a quem perguntasse o que devia fazer; com efeito ainda acharam uma mulher que fazia isso, em
Endor. Shaúl disfarçou-se, vestindo roupas de gente vulgar e dirigiu-se a casa dela, de noite, acompanhado
por dois dos seus homens."Eu pretendia falar com um homem que já morreu", disse ele. "Consegues
chamar o seu espírito?" 9"Mas tu queres que eu seja morta?", protestou ela. "Sabes bem o que Shaúl
mandou fazer a todos os adivinhos e feiticeiros. O que tu estás é a armar-me uma cilada!" 10-11Shaúl jurou-
lhe solenemente que não a trairia. E por fim a mulher disse: "Bom, e então quem é que tu queres que eu
faça vir em espírito?""Traz-me Shamu-Úl." 12Quando a mulher viu Shamu-Úl, gritou: "Enganaste-me! Tu és
Shaúl!" 13"Não tenhas medo de coisa nenhuma! Diz-me o que é que estás a ver.""Vejo um espectro
subindo da terra." 14"Como é que é ele?", perguntou Shaúl,"É um ancião; está envolto numa túnica",
respondeu-lhe aul viu então que se tratava de Shamu-Úl e inclinou-se perante ele. 15"Porque é que me
incomodaste, fazendo-me subir?", perguntou-lhe Shamu-Úl."Porque estou profundamente perturbado. Os
Palestinos estão em guerra contra nós, YÁOHU ULHÍM abandonou-me e não me responde, nem pelos
profetas nem por sonhos. Por isso te chamei, para te perguntar o que devo fazer." 16-19Mas Shamu-Úl
respondeu: "E por que razão me perguntas a mim, se YÁOHU ULHÍM já te deixou e se tornou teu inimigo?
Ele actuou tal como tinha dito antes e já te tirou o reino a ti para o dar ao teu rival Dáoud. Tudo isto veio
sobre ti porque não obedeceste às instruções de YÁOHU UL, dando cumprimento ao ardor da sua ira sobre
Amaleque. Agora, todo o exército de Yaoshorúl será derrotado e destruído amanhã pelos Palestinos. Tu e
os teus filhos estarão aqui comigo." 20-22Shaúl então caiu estendido no chão, fulminado de terror pelas
palavras de Shamu-Úl. É preciso dizer que ele também se encontrava muito enfraquecido, pois não tinha
comido nada em todo aquele dia. Quando a bruxa viu a reacção dele, e o estado em que tinha ficado, disse:
" YÁOHU ULHÍM, eu apenas obedeci às tuas ordens, com o risco da minha vida. Agora faz o que eu te digo
-deixa-me dar-te qualquer coisa para comer, a fim de que ganhes forças para a viagem de regresso." 2325Ele
recusou. No entanto os companheiros insistiram para que aceitasse a oferta da mulher; por fim
acedeu e sentou-se à beira da cama. A mulher tinha em casa uma bezerra cevada que se apressou a
degolar; amassou também farinha e cozeu uns bolos asmos. Trouxe a comida ao rei e aos outros; eles
comeram, encetando depois a viagem de regresso naquela mesma noite.

1 Shamu-Úl 29

Os Palestinos rejeitam o apoio de Dáoud

1O exército Palestino concentrou-se em Afeque, os Yaoshorulítas nas fontes de Yaozoro-Úl. 2Na altura em
que os Palestinos organizavam as suas tropas em batalhões e companhias, Dáoud e os seus puseram-se
na retaguarda, com o rei Aquis. 3Mas os comandantes Palestinos perguntaram: "Que estão estes
Yaoshorulítas aqui a fazer?""Este é Dáoud, o servo do rei Shaúl que fugiu de Yaoshorúl. Já há muito tempo
que está comigo e não encontrei nele nada de culpável, desde que cá chegou", foi a resposta de Aquis. 45"
Manda essa gente embora!", pediram-lhe, zangados. "É evidente que não irão à batalha connosco voltar-
se-iam contra nós; haveria melhor maneira, para eles, de se reconciliarem com o seu YÁOHU ULHÍM
do que nos trairem durante a luta? Não te esqueças que este é o homem de quem as mulheres
Yaoshorulítas diziam a dançar, 'Shaúl matou mil, mas Dáoud dez mil!'" 6-7Aquis acedeu por fim, e
chamando Dáoud mais os companheiros: "Juro pelo YÁOHU ULHÍM, que vocês são os melhores homens
que eu já tive, e a minha vontade é que viessem lutar connosco; mas os meus chefes militares não pensam
assim. Por favor, não os irritem e vão-se embora sossegadamente." 8"Que fizemos nós para merecer este
tratamento?", perguntou Dáoud. "Porque não posso eu combater os vossos inimigos?" 9-10"No que me diz
respeito", insistiu Aquis, "tu és tão recto como um anjo de YÁOHU ULHÍM. Mas é que os meus
comandantes militares receiam ter-vos com eles durante a batalha. Por isso, levantem-se cedo e vão-se
embora logo que amanheça." 11Então Dáoud voltou para a terra dos Palestinos, enquanto o exército deles
se dirigia para Yaozoro-Úl.

1 Shamu-Úl 30
Dáoud destrói os amalequitas

1-4Três dias mais tarde quando Dáoud, acompanhado dos seus homens, chegou a casa na cidade de
Ziklag, constatou que os amalequitas tinham feito uma incursão na cidade e queimado tudo inteiramente,
levando consigo mulheres e crianças. Ao olharem para aquilo, e ao darem-se conta do que acontecera às
suas famílias, choraram todos dolorosamente. 5As duas mulheres de Dáoud, Ainoã e Abigaúl, encontravam-
se também entre as cativas. 6Dáoud estava seriamente preocupado, porque os homens, na sua grande dor
por causa dos filhos que os amalequitas lhes tinham levado, falavam até de o apedrejarem. No entanto
Dáoud tomou forças em YÁOHU ULHÍM, seu Criador Eterno. 7-8Então disse ao intermediário Abyaoter:
"Traz-me aqui o éfode!" E perguntou a YÁOHU ULHÍM: "Vou no encalço deles? Apanhá-los-emos?" YÁOHU
ULHÍM respondeu-lhe: "Vai, persegue-os; recuperarás tudo o que eles vos levaram!" 9-12Dáoud, mais os
outros seiscentos homens, partiram atrás dos amalequitas. Quando alcançaram o ribeiro de Besor,
duzentos deles estavam de tal maneira exaustos que nem conseguiram atravessá-lo; mas os outros
quatrocentos prosseguiram na corrida. Pelo caminho, a certa altura encontraram um moço egípcio num
campo e trouxeram-no a Dáoud. O rapaz não tinha comido nem bebido nada durante três dias e três noites;
deram-lhe parte dum bolo de figos, duas mãos-cheias de uvas secas, água para beber, e depois disso
recuperou as forças. 13-14"Quem és tu? Donde vens?", perguntou-lhe Dáoud."Sou egípcio, servo dum
amalequita. O meu chefe abandonou-me há três dias porque eu estava muito doente. Vínhamos de uma
incursão militar no Négev e também no sul de YAOHÚ-dah, e ainda na terra de Caleb; também destruímos
Ziklag." 15"Podes dizer-me para onde foram eles?""Se me jurares em Shúam (Nome) de YÁOHU ULHÍM
que não me matas nem me entregas de novo ao meu amo, então guiar-te-ei até eles." 16-20E assim levou-
os ao acampamento dos amalequitas. Estavam todos espalhados numa grande área daquela terra,
comendo, bebendo, dançando de alegria por causa do enorme despojo que tinham trazido da Filisteia e de
YAOHÚ-dah. Dáoud e os companheiros saltaram-lhes em cima e mataram neles durante a noite toda, mais
o dia seguinte até ao anoitecer. Os únicos que conseguiram escapar foram quatrocentos rapazes que
fugiram montados em camelos. Dáoud recuperou tudo o que eles tinham levado. Os homens retomaram as
famílias e os haveres; Dáoud pôde libertar as suas duas mulheres. Toda a gente juntou o gado e os
rebanhos, conduzindo-os diante de si e exclamavam: "Este é o teu despojo, Dáoud!" 21-22Quando
chegaram de novo ao ribeiro de Besor e se juntaram aos tais duzentos que não tinham podido continuar por
se encontrarem esgotados, sem forças, Dáoud saudou-os pacificamente. Mas alguns dos que vinham com
Dáoud, homens ruins, perversos, começaram a dizer: "Esses não vieram connosco, não hão-de de ter parte
no despojo. Que se lhes dê as mulheres e os filhos e que se vão embora." 23-24"Não, meus irmãos!
YÁOHU ULHÍM guardou-nos e ajudou-nos a derrotar o inimigo. Numa altura destas alguém poderia dar
ouvidos a uma tal proposta? Vamos todos repartir o que obtivemos irmãmente - os que foram à batalha e os
que guardaram as bagagens." 25Foi então que Dáoud fez disso uma lei em todo o Yaoshorúl, e que ainda
hoje é válida. 26-31Quando chegou a Ziklag enviou parte do saque aos anciãos de YAOHÚ-dah: "Isto é um
presente para vocês, tirado aos inimigos de YÁOHU UL", escreveu-lhes. Estes presentes foram enviados
aos anciãos das seguintes cidades onde Dáoud e os companheiros tinham estado: Bohay-Úl, Sul de
Ramote, Yatir, Aroer, Sifmote, Estemoa, Racal, as cidades dos jerameelitas, as cidades dos queneus,
Horma, Borasã, Atace, Hebron.

1 Shamu-Úl 31
Morte de Shaúl e dos filhos

1Entretanto os Palestinos tinham iniciado o combate contra os Yaoshorulítas; estes fugiram deles e foram
mortos e aniquilados no monte Gilboa. 2Aí cercaram Shaúl e mataram-lhe os filhos Yaonaokhán,
Abinaodáb, e Molkhishúa. 3Os frecheiros cairam sobre Shaúl e feriram-no gravemente. 4Shaúl disse para o
seu pajem: "Mata-me com a tua espada antes que estes pagãos Palestinos me prendam e me torturem."O
pajem contudo teve muito medo disso. Shaúl pegou ele próprio na espada e atirou-se sobre ela, a qual lhe
ficou atravessada no corpo. 5Ao ver que estava morto, o pajem fez o mesmo - atirou-se sobre a sua espada
e morreu com ele. 6Assim Shaúl, o seu pajem, os três filhos e as suas tropas morreram todos no mesmo
dia. 7Quando os Yaoshorulítas do outro lado do vale e para lá do Yardayán ouviram que os seus
compatriotas tinham fugido e que Shaúl mais os filhos tinham morrido, abandonaram as cidades, e os
Palestinos foram viver nelas. 8-9No dia seguinte, os Palestinos, ao virem para despojar os mortos,
encontraram os corpos de Shaúl e dos filhos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça a Shaúl, tiraram-lhe as
armas e anunciaram isso nos Templos dos seus falsos criadores o estatuas e ao seu povo por toda a terra.
10As suas armas foram postas no Templo de Astarote e o corpo pendurado no muro de Betesã. 11-13Mas
quando o povo de Yabesh-Gaúliod ouviu aquilo que os Palestinos tinham feito, uns soldados valentes
daquela localidade foram de noite até Betesã, tiraram de lá os corpos de Shaúl e dos filhos, e trouxeram-nos
para Yabesh onde os queimaram; os ossos que restaram enterraram-nos sob o carvalho de Yabesh,
jejuando depois por sete dias.



2 comentários:

  1. Boa noite, quando poderemos obter uma publicação tão importante como esta nas livrarias. Se já tem, como faço para adquirir uma?
    Josafá de Grandis

    rastainas@ig.com.br

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  2. ola boa noite esta faltando o livro de Rute

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